Quando os pais se separam
Muito antes de ocorrer a separação física dos pais ocorre a separação emocional, que, em muitos casos, leva a desentendimentos, desencontros, quando não, às agressões físicas e à violência psicológica.
A criança que presencia estas cenas sofre muito, pois são as pessoas que mais ama e necessita. Até mesmo bebês muito novos, embora não tendo compreensão da situação, conseguem captar a tensão do ambiente familiar e ???saber??? que algo está muito errado, expressando seus sentimentos através do choro e agitação, inclusive com alteração dos batimentos cardíacos e aumento da pressão arterial.
Em todos os casos, mesmo percebendo a infelicidade dos pais, a separação é sempre um impacto muito doloroso e profundo, que deixa marcas na criança. Nesses casos de separação, há muita dor, que precisa ser elaborada pelos pais e pelas crianças.
As crianças em idade pré-escolar parecem ser as mais atingidas pelos efeitos negativos da separação, porque seu desenvolvimento cognitivo ainda não lhes permite compreender o que está acontecendo. Bebês com até dois anos podem desenvolver atitudes mais medrosas e certa regressão, enquanto crianças de quatro e cinco anos podem fantasiar a separação como temporária. A criança de cinco e seis anos tende a se sentir culpada, como se tivesse feito ou pensado algo muito errado e por isso os pais brigaram e vão se separar. Desenvolve, então, um sentimento de responsabilidade pela reconciliação dos pais, muitas vezes apresentando atitudes de autopunição, como se merecesse sofrer por ter falhado.
A criança em idade escolar tem compreensão melhor dos problemas paternos e das razões para a separação, embora muitas vezes sinta-se abandonada e com raiva deles. Em muitos casos, o rendimento escolar é prejudicado e surgem problemas de comportamento em casa e na escola: torna-se impulsiva, desrespeitando as regras familiares, ao mesmo tempo em que demonstra maior dependência e ansiedade.
De um modo geral, as crianças podem ficar deprimidas, tristes, desobedientes, apresentar comportamentos mais agressivos, rebeldes, insônia, pesadelos, alterações do apetite, dificuldade de concentração, perda do interesse pela vida social e, até mesmo, dores de cabeça e de estômago.
Mas, se a separação é tão nociva para a criança, a manutenção de uma relação infeliz, quando as figuras parentais apresentam hostilidade e agressão entre si, chegando a gerar tensões quase insuportáveis, é muito mais prejudicial à saúde física e mental da criança. Presenciando estas atitudes e comportamentos dos pais, aprende que os conflitos e problemas devem ser resolvidos com agressividade e intolerância. Assim, viver apenas com um dos pais é a solução mais adequada e saudável.
O modo como cada uma se ajustará à separação, depende diretamente de como os pais lidam com o fato, como interagem entre si e com ela, antes e depois da separação.
A ajuda de um Psicólogo nessa hora é fundamental, pois ajuda a encorajar as crianças a expressar seus sentimentos, sem julgamento e com compreensão, para que possam aprender a lidar com eles. Como ficam as crianças após a separação dos pais é uma preocupação frequente dos pais e dos profissionais, que se dedicam minimizar o efeito do divórcio nos filhos dos separados.
Quanto mais os pais tomarem consciência de que são responsáveis pelo bem-estar físico e emocional de seus filhos, a despeito da separação, maiores as possibilidades de um futuro satisfatório para eles, pois as crianças dependem dos pais e se formam através deles.
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Matéria por
Jaqueline Garcia Alarcão
Psicóloga CRP 08/13978 | Campo Mourão