A avaliação Neuropsicológica do Transtorno do Espectro Autista (TEA) deve ser planejada conforme a necessidade da criança/adolescente. Os instrumentos devem ser sensíveis às características clínicas e às especificidades de cada caso. A avaliação submete a pessoa uma bateria de testes que avaliam as habilidades cognitivas do paciente, como por exemplo atenção, função executiva, percepção visual e auditiva, memória, linguagem, humor e o nível de inteligência geral mensurada pelo QI. É fornecido ao paciente ao término das sessões um relatório Neuropsicológico, que tem como objetivo descrever o desempenho cognitivo do paciente bem como relacionar os resultados obtidos com possíveis hipóteses diagnósticas. Buscar essas informações facilita à família, médico e escola a entender como funciona o cérebro desse paciente e como ele se comporta.
Um dos objetivos da Avaliação Neuropsicológica é ajudar esse paciente, seus pais e a escola na formação de um currículo adaptado, para que essa criança possa ser melhor acompanhada e suas dificuldades sejam vistas de forma clara e facilitadora para os educadores e familiares. Já se sabe que pessoas com autismo apresentam prejuízos em vários domínios cognitivos. Uns dos prejuízos é a dificuldade das funções executivas, como por exemplo déficit na capacidade de organização, sequenciação, julgamentos, planejamentos, controle inibitório e flexibilidade cognitiva. Pacientes com autismo revelam também prejuízo na coerência central, que é uma das características mais marcantes no autismo, gerando uma dificuldade na percepção do contexto e, por esse motivo, explica-se o comportamento da pessoa com TEA, em ter uma dificuldade de entender o ambiente e responder a ele, pois esse não percebe o todo e sim a parte de um todo.
A avaliação permite também compreender porque a criança com TEA não está aprendendo em sala de aula, ela aponta quais dificuldades essa criança encontra, como por exemplo falta de atenção, dificuldade em memorizar, diminuição da percepção visual e/ou auditiva e até mesmo um QI (quociente intelectual) deficitário. Há casos em que a criança não consegue ler e escrever no mesmo tempo que seus colegas de sala de aula, e com a avaliação pode-se analisar se a dificuldade é inteligência intelectual, ou se essa dificuldade é na atenção seletiva ou se há um atraso na linguagem, entre outros motivos. Tem casos de crianças com TEA que apresentam um nível intelectual satisfatório e mesmo assim possuem dificuldades escolares, isso ocorre por ter outras áreas cognitivas que possam estar prejudicadas.
O processo de diagnóstico da TEA deve ser feito de maneira gradual, envolvendo o comportamento atual do paciente, sua história de vida, habilidades cognitivas, observações clínicas e uma avaliação multidisciplinar com Médicos, Psicólogos no processo de Psicoterapia, Psicólogos especialista em Neuropsicologia, Fonoaudiólogos, Terapia Ocupacional e Psicopedagogos. Sempre levando em consideração o nível de desenvolvimento da criança e possíveis transtornos associados, o diagnóstico preciso do Autismo não é uma tarefa fácil e precisa ser bem avaliada por essa equipe multidisciplinar. A avaliação Neuropsicológica só pode ser feita por um Psicólogo especializado em Neuropsicologia e esse encaminhamento pode ser feito pelo médico, escola ou pela própria família.
A Neuropsicologia possibilita a aquisição de informações fundamentais para a escolha e planejamento do tratamento para crianças e adolescentes com o espectro autista. Auxiliando na constatação e também para descartar a suspeita do TEA. Pois uma vez que o diagnóstico de autismo tenha sido confirmado ou descartado, os profissionais precisam determinar se algum encaminhamento ainda se faz necessário e qual será o tratamento indicado para esse paciente.
Matéria por
Jaqueline Garcia Alarcão
Psicóloga CRP 08/13978 | Campo Mourão