Suicídio é uma das maiores causas de mortalidade ao redor do mundo, especialmente entre indivíduos jovens. Suicídio é considerado o desfecho de um fenômeno complexo e multidimensional, é decorrente da interação de diversos fatores. É consensual entre os pesquisadores a noção de que não há um fator único capaz de responder pela tentativa ou pelo suicídio propriamente dito. Contrariamente, os fatores que concorrem para este fenômeno ocorrem em conjunto. Entre os fatores de risco extensamente estudados na literatura internacional destacam-se tentativas prévias de suicídio, fatores genéticos, suporte social e familiar e psicopatologia. Dentre os diagnósticos psiquiátricos associados a suicídio, depressão maior se destaca sobremaneira. Traços psicopatológicos de agressão e impulsividade parecem exercer um papel relevante no desencadeamento de atos suicidas. O risco é maior na vigência da doença e de comorbidades. O risco é menor quando a doença é tratada ou está em remissão. Assim, a detecção e o tratamento adequado de pessoas acometidas por transtornos mentais, notadamente depressão, é a forma mais efetiva de prevenir o suicídio
6 sinais de comportamento suicida:
1 – Frases de alarme: Existe um mito de que pessoas que falam em suicídio só o fazem para chamar a atenção e não pretendem, de fato, terminar com suas vidas. Isso não é verdade, falar sobre isso pode ser um pedido de ajuda. Algumas das frases mais comuns são “não aguento mais”, “eu queria sumir” e “eu quero morrer”. Então, se você ouvir um parente ou amigo falando algo do tipo, preste atenção.
2 – Mudanças inesperadas: Todo mundo passa por mudanças na vida, faz parte do pacote. Mas algumas mudanças podem ser traumáticas quando não estamos preparados para elas. Uma pessoa fragilizada por uma depressão ou outro problema psíquico dificilmente terá condições de encarar uma mudança inesperada, como perder um emprego que considerava muito importante, então começa a apresentar mudanças de comportamento: a pessoa tinha um hobby e abandona tudo, era super vaidoso e fica desinteressado. A mudança de comportamento é um sinal para procurar ajuda e entender se este ou aquele comportamento realmente é só uma fase ou não.
3 – Depressão e drogas: As estatísticas alertam: para cada suicídio, há entre 10 e 20 tentativas, ou seja, quem tentou suicídio está muito mais vulnerável. Uma tentativa de suicídio é o maior preditor de nova tentativa e de suicídio. Segundo alerta: quase 100% das pessoas que se suicidaram enfrentavam algum problema mental - a maioria depressão. Quem está sofrendo depressão ou outro transtorno devem receber maior atenção . E, se a pessoa consome álcool ou outras drogas, atenção redobrada. O maior coeficiente de suicídio se dá por transtorno de humor associado ao uso de substâncias psicoativas, mais da metade dos casos de suicídio. Depressão e consumo de álcool e drogas é responsável pelo maior numero de mortes no mundo inteiro
4 – Pode não ser só aborrescência: As taxas de suicídio dos jovens brasileiros aumentou mais de 30% nos últimos 10 anos. Mas, muitas vezes o comportamento errático atribuído como típico do adolescente pode ser um sinal de intenção de suicídio.Existe uma falsa ideia de que a depressão atinge mais pessoas adultas. O adolescente apresenta outros sintomas, ele vai se trancar no quarto, não vai falar com ninguém, e isso vai ser entendido como fenômeno da adolescência normal, já que ele não consegue expressar seu sofrimento de uma forma clara.
5 – Preto no branco: Somente 15% dos gravemente deprimidos vão se suicidar, mas a depressão severa continua sendo a maior causa do suicídio. Por isso, é preciso ficar atento quando a pessoa demonstra zero interesse na vida ou nos outros. Para o deprimido, o mundo deixa de ser colorido, é preto e branco. Ele tem baixa auto estima, desinteresse por todos e fica muito voltado para ele mesmo. Quando em depressão severa, a pessoa se isola dos outros e não vê motivos para continuar viva. É um alerta de urgência.
6 – Bom demais para ser verdade: A simulação de melhora é comum em diversos casos de suicídio, então, se uma pessoa que normalmente é deprimida parecer subitamente alegre, é importante acompanhá- la para garantir que ela não tentará o suicídio.
O que você pode fazer? Se possível, acompanhe-a a um psiquiatra e peça orientação. Converse com a pessoa e evite deixá-la sozinha. Ao conversar, procure não falar muito e ouvir mais, já que muitas vezes a pessoa só precisa ser ouvida. Outra medida é retirar acesso de ferramentas potencialmente destrutivas dentro de casa - como arma, remédios e substâncias tóxicas - para evitar o uso delas em um impulso.
É necessário reforçar que o preconceito no que se refere à consulta psiquiátrica, que muitas pessoas ainda acreditam e rotulam ser um” médico de loucos” muda o prognóstico da doença. A depressão é uma doença crônica, assim como o diabetes e a hipertensão arterial, ou seja, quanto mais tarde ela for tratada, mais difícil e complexo será o tratamento.
Matéria por
Ã?ndrea Kraft
Psiquiatria CRM/PR: 16335 | RQE: 2825 | Campo Mourão