Trabalhos recentes têm gerado uma suspeita entre os médicos: a de que a impotência sexual, tecnicamente conhecida na medicina como disfunção erétil, pode ser sinal precoce de doença cardiovascular em alguns homens.
Um dos motivos é que os mesmos fatores de risco para a disfunção erétil são também aplicados à doença arterial coronariana, ou seja, as artérias que nutrem o pênis são sensíveis às mesmas agressões que as artérias do coração.
Neste sentido, homens portadores de diabetes mellitus, hipertensão arterial, com colesterol elevado, os fumantes e os obesos têm alta probabilidade de serem acometidos tanto por doença cardíaca como de apresentar problemas de ereção. O fato de que as artérias do pênis são menores em calibre que as artérias coronarianas, aumenta a possibilidade de uma pessoa se queixar inicialmente de impotência sexual e posteriormente apresentar também problemas cardíacos.
Dados de um estudo recente, envolvendo cerca de 10.000 homens acima de 45 anos, demonstrou que a disfunção erétil é um fator independente para o desenvolvimento de doença cardiovascular, com o risco estimado em 45%.
Aterosclerose
O mecanismo é o mesmo e é denominado de aterosclerose. A doença aterosclerótica consiste no acúmulo de gordura, que se deposita no interior das artérias. As plaquetas (células de sangue) se precipitam sobre essas saliências gordurosas formando pequenos coágulos e estes, por sua vez, tendem a se calcificar, endurecendo e obstruindo ainda mais o fluxo do sangue. Assim como pode favorecer os ataques cardíacos e os acidentes vasculares cerebrais (derrames), a aterosclerose das artérias penianas dificulta o transporte de grande volume de sangue em direção ao pênis.
Um bom fluxo sanguíneo é essencial para que o pênis atinja uma ereção efetiva e também para que possa mantê-la. Em indivíduos com processos ateroscleróticos esse fluxo tende a diminuir. A demonstração desta associação está representada em diversos trabalhos publicados, que concluíram que a disfunção erétil está presente em cerca de 64% de homens com infarto agudo do miocárdio, em 57% dos candidatos a angioplastia ou cirurgia cardíaca, em 40% dos fumantes, em 46% dos que apresentam aumento de triglicérides e em 68% dos hipertensos.
O alerta
Estes novos dados, de disfunção erétil como sinal de alerta para doença cardiovascular, representam uma grande oportunidade para diagnosticar e tratar precocemente doenças como diabetes e hipertensão arterial e incentivar o paciente para adquirir hábitos de vida saudáveis (prática regular de exercícios físicos, controle de peso, de colesterol e diabetes e evitar o tabagismo).
A análise destes novos dados permite- -nos concluir que o diagnóstico de disfunção erétil pode auxiliar de maneira importante na detecção precoce de aterosclerose e possibilitar um tratamento imediato dos fatores de risco presentes.
Matéria por
Marcio De Carvalho
Urologia CRM/PR: 12020 | RQE 6499 | Maringá