Cerca de 7 milhões de homens brasileiros acima de 40 anos de idade têm diabetes. A disfunção erétil está presente em cerca de 35% a 75% de todo os homens com diabetes e pode ocorrer nos estágios inicias da doença. É interessante notar que disfunção erétil pode surgir nessas pessoas independente da gravidade, duração, tipo de medicação empregada no tratamento ou da qualidade do seu controle de glicemia.
O Início
Problemas na potência sexual pode ser uma complicação inicial ou tardia desta doença, e em algumas ocasiões chega mesmo a ser o primeiro sintoma. A instalação da disfunção erétil ocorre de maneira lenta e gradual, desenvolvendo-se aos poucos, em meses ou anos. O que se percebe no início é a dificuldade em manter o pênis rígido e duro e que em semanas ou meses depois poderá se agravar até a completa incapacidade para conseguir uma penetração. O desejo sexual encontra-se normal no início, mas tende a diminuir à medida que surgem os problemas sexuais.
Entendendo a Ereção
O processo de ereção envolve particularmente e circulação sanguínea. À medida que o homem fica excitado ocorre o processo de dilatação das artérias do pênis e os corpos cavernosos (tecido semelhante a uma esponja localizado no interior do pênis) se enchem de sangue. Através desse mecanismo, o órgão aumenta de tamanho e torna-se rígido. Repleto de sangue esse tecido passa a comprimir as veias que se localizam na periferia (responsáveis por conduzir o sangue para fora). Com o sangue retido a ereção é mantida. Quando há problemas circulatórios, as artérias ficam mais estreitadas impedindo que o sangue flua normalmente para o pênis. Diversos pacientes que já tiveram infarto ou derrame, relatam ter tido problemas de ereção alguns anos antes da doença. Isso porque as artérias do pênis são muito finas e acabam sendo as primeiras a entupir devido ao acúmulo gradativo de gordura. O diabético possui cerca de 2 a 4 vezes maior o risco de infarto e derrame quando comparado a indivíduos não diabéticos.
A Repercussão
O nível elevado de glicemia (açúcar) no sangue pode afetar os sinais nervosos transmitidos do cérebro para o pênis, fenômeno conhecido como neuropatia autonômica, levando a uma interrupção dos impulsos nervosos necessários para se iniciar a ereção. Todo diabético tem maior chance de desenvolver aterosclerose (entupimento das artérias). Pelo mesmo fator, as artérias que levam sangue até o pênis podem ser entupidas precocemente reduzindo a produção do óxido nítrico e assim prejudicando a circulação sanguínea do órgão. Sabe- -se que quanto menos óxido nítrico menos ereção. A estes fatores associam-se os efeitos psicológicos agravados pelo conhecimento por muitos de que a impotência é uma complicação conhecida do diabetes. Essa informação por si só pode ser fonte de ansiedade gerando preocupações excessivas com o desempenho sexual e acabando por criar um medo crescente de falhar no momento da relação sexual. É necessário esclarecer que a disfunção erétil do diabético é difícil de regredir, especialmente quando se demora muito tempo para procurar ajuda médica, portanto é essencial um controle rigoroso da glicemia para evitar a progressão da doença e consequentemente suas complicações. Alguns outros fatores podem agravar o problema, como ser fumante, o que aumenta o risco de lesões das artérias penianas por aterosclerose. Da mesma forma, o uso abusivo do álcool contribui para o desenvolvimento de lesões dos nervos (neuropatia).
As Soluções
Todo diabético, além de reduzir a taxa de açúcar no sangue deve evitar o cigarro, álcool, ter controle sobre o colesterol e pressão arterial, além de seguir uma dieta saudável, associada a uma atividade física regular. Hoje sabemos que a disfunção erétil acompanha muitas pessoas com diabetes, mas existe uma variedade de opções para a solução deste angustiante problema, proporcionando uma qualidade de vida ao casal extremamente melhor.
Matéria por
Marcio De Carvalho
Urologia CRM/PR: 12020 | RQE 6499 | Maringá