Como o diabetes pode prejudicar a potência sexual
Relatos da associação entre diabetes e impotência sexual já existem há mais de 200 anos, mas somente nas ultimas décadas é que se tornou uma fonte maior de estudos. Cerca de 5,2 milhões de brasileiros acima de 40 anos têm diabetes tipo II. Estima-se que cerca de 40% dos homens impotentes têm diabetes. Sua incidência aumenta com a idade, atingindo um em cada dois homens diabéticos aos 50 anos de idade. ?? interessante notar que disfunção erétil pode surgir nestas pessoas, independentemente da gravidade, duração, tipo de medicação empregada no tratamento ou da qualidade do seu controle de glicemia.
O início Problemas na potência sexual pode ser uma complicação inicial ou tardia desta doença, e em algumas ocasiões chega mesmo a ser o primeiro sintoma. A instalação da disfunção erétil ocorre de maneira lenta e gradual, desenvolvendo-se aos poucos, em meses ou anos. O que se percebe no início é a dificuldade para manter o pênis rígido e duro e que em semanas ou meses depois poderá se agravar, até a completa incapacidade para conseguir uma penetração. A ejaculação precoce ou rápida pode acompanhar o caso como consequência da falta de rigidez do pênis. O desejo sexual encontra-se normal no início, mas tende a diminuir, à medida que surgem os problemas sexuais.
Entendendo a ereçãoPara entendermos melhor como a ereção peniana é afetada, primeiro necessitamos conhecer melhor seu mecanismo. Realmente, ter uma ereção é um processo complexo e inicia-se através de um estímulo erótico (imagem, fantasia, toque, cheiro). A partir deste estímulo, o cérebro começa a enviar sinais ao membro. No pênis, todo o processo de ereção ocorre nos corpos cavernosos. Eles são estruturas cilíndricas de aparência esponjosa (como esponja de lavar louças), compostas predominantemente de tecido muscular e vasos sanguíneos.
Em resposta ao estímulo, inicia-se a produção de uma substância essencial, denominada de óxido nítrico, fabricada quando se está excitado e que promove um relaxamento dos músculos dos corpos cavernosos e dilatação dos vasos. Desta forma relaxados, os vasos e os músculos ficam abertos para uma ???enxurrada??? de sangue para dentro do pênis.
O órgão aumenta de volume e as veias, que levam o sangue para fora dos corpos cavernosos, são comprimidas pelo tecido esponjoso cheio de sangue contra um resistente envelope que reveste o pênis, chamado de túnica albugínea, restringindo ao mínimo a saída deste sangue. Este processo final vai deixar o pênis duro e ereto.
A repercussãoO nível elevado de glicemia (açúcar) no sangue pode afetar os sinais nervosos transmitidos do cérebro para o pênis, fenômeno conhecido como neuropatia autonômica, levando a uma interrupção dos impulsos nervosos necessários para se iniciar a ereção. Todo diabético tem uma maior chance de desenvolver aterosclerose (entupimento das artérias). Pelo mesmo fator, as artérias que levam sangue até o pênis podem ser entupidas precocemente, reduzindo a produção do óxido nítrico e assim prejudicando a circulação sanguínea do órgão. Sabe-se que, quanto menos óxido nítrico, menos ereção.
A estes fatores associam-se os efeitos psicológicos agravados pelo conhecimento, por muitos, de que a impotência é uma complicação conhecida do diabetes. Esta informação por si só pode ser fonte de ansiedade gerando preocupações excessivas com o desempenho sexual e acabando por criar um medo crescente de falhar no momento da relação sexual.
?? necessário esclarecer que a disfunção erétil do diabético é difícil de regredir, especialmente quando se demora muito tempo para procurar ajuda médica. Portanto, é essencial um controle rigoroso da glicemia para evitar a progressão da doença e, consequentemente, suas complicações. Alguns outros fatores podem agravar o problema, como ser fumante, o que aumenta o risco de lesões das artérias penianas, por aterosclerose. Da mesma forma, o uso abusivo do álcool contribui para o desenvolvimento de lesões dos nervos (neuropatia).
As soluçõesTodo o diabético, além de reduzir a taxa de açúcar no sangue, deve evitar o cigarro, álcool, ter controle sobre o colesterol e pressão arterial, além de seguir uma dieta saudável, associada a uma atividade física regular. Hoje sabemos que a disfunção erétil acompanha muitas pessoas com diabetes, mas existe uma variedade de opções para a solução deste angustiante problema, proporcionando uma qualidade de vida extremamente melhor ao casal.
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Matéria por
Marcio De Carvalho
Urologia CRM/PR: 12020 | RQE 6499 | Maringá