“Dra, depois que ele entrou na creche só vive doente!” Essa é uma frase clássica, que não falta em meus atendimentos. Mas será que isso é verdade? E qual o motivo? A síndrome da creche é temida por muitos pais, porque os bebês passam de enfermidade a enfermidade sem descanso algum. Na realidade, não são doenças que tenham muita gravidade. São infecções típicas da infância, mas produzem um grande transtorno na criança e nos pais que podem passar noites acordados limpando mucos e acalmando as tosses.
Durante os anos de creche, as crianças podem sofrer várias infecções durante o mês, mas isso é devido:
• O contato com outras crianças, contágio da maior parte dos vírus acontece pelo contato, e nessa idade as crianças não mantêm nenhum tipo de distância com outras;
• Mesmo cuidador pra mais de uma criança;
• As crianças têm uma baixa imunidade aos germes e o seu sistema de defesa está pouco desenvolvido, se tornando mais susceptível para algumas doenças comuns.
O que os pais podem fazer para reduzir a Síndrome da creche?
• Não levar a criança à creche se apresentar sintomas, ainda que sejam leves e assim evitaremos a propagação;
• A higiene é uma grande aliada, sobretudo para evitar o contágio do resto dos membros da família. Lavar bem as mãos e não compartilhar os utensílios do bebê é fundamental, além de evitar os beijos na boca do bebê;
• Curar bem o resfriado antes que a criança retorne à creche. Um resfriado mal curado pode derivar numa infecção mais grave como conjuntivite, otite ou bronquite.
Como pediatra, que tem rotineiramente vários pacientes que passaram por isso, eu tenho duas notícias para aqueles pais que são estreantes: uma boa e outra ruim. A má é que é complicado escapar da Síndrome da creche, quase impossível e nossos bebês acabam passando mesmo. A boa é que na medida em que a criança cresce, o seu sistema imunológico vai se tornando mais forte e o ritmo de doenças irá decrescendo. As crianças estão com o sistema imunológico em desenvolvimento e, por isso, não conseguem combater todos os vírus e bactérias.
Na creche há um grande número de crianças em um ambiente fechado, convivendo muito proximamente por horas durante o dia, favorecendo a troca de germes agravado pelo fato dos pequenos não terem noções plenas de higiene. O que estava na boca de uma, pode facilmente ir para a de outra, facilitando a proliferação dos germes. As doenças mais comumente transmitidas são gripes, resfriados, estomatites e infecções de pele. Isso significa que os pais não devem colocar o filho na creche?
Claro que não! As crianças não precisam morar em bolhas!!! Por mais estranho que isso pareça, as doenças nos ajudam a fortalecer o sistema imunológico, criando uma memória e fazendo com que possamos reconhecer e combater os germes futuramente. As vacinas e o aleitamento materno também são fortes aliados na manutenção do sistema imunológico.
Dicas para uma melhor escolha:
1. Coloque-o na creche e cobertura vacinal adequadas, de preferência após um ano de idade;
2. Opte por creches com poucas crianças em sala, ambientes amplos, arejados e iluminados;
3. Funcionários que mantem contato com as crianças, devem ser vacinados contra a gripe;
4. Tenha uma boa comunicação com a creche;
5. Mantenha a caderneta de vacinação em dia;
6. Não leve crianças doentes para creche, pois podem contaminar outros e piorar o estado geral, por estarem mais frágeis e susceptíveis a infecções.
Matéria por
Miucha Wolanski Negrão
Pediatria CRM/PR: 19040 | RQE: 13787 | Ponta Grossa