Se a criança não interage, não imita gestos, não está desenvolvendo a fala, o interesse tem sido por um único tipo de objeto, ou exibe comportamentos repetitivos e restritivos, apego extremo a rotinas e demonstra resistência de mudança de atividade, tem atenção focada a somente alguma parte de um objeto, exibe dificuldade de coordenação motora fina ou grossa, alterações na percepção de estímulos sensoriais, podendo ser sensíveis demais ou de menos a estímulos como ruídos no ambiente (como barulho de liquidificadores, por exemplo), odores, sabores, ou ao toque de outras pessoas na sua pele e seletivos à textura dos alimentos, esses traços indicam a necessidade de uma avaliação urgente de uma Equipe Multidisciplinar Especializada.
Quando mais cedo a criança for avaliada e acompanhada pelos profissionais especializados em atender crianças autistas, com as terapias de Denver, ABA, T.O., fonoaudiologia, psicologia, psicopedagogia, entre outras, mais chances de melhoras no comportamento ela terá. As terapias tem função de promover condições de desenvolvimento da criança, nos aspectos cognitivo, motor, social, cultural e no desenvolvimento da fala e na interação social.
Todas as dicas que os terapeutas sugerem devem ser colocadas em prática, em casa, com a família, a sós, em público, em diversos ambientes, durante a semana, nas férias e nos feriados. Algumas atividades podem chamar a atenção da criança, outras podem não serem tão atrativas. Se necessário mudem alguns itens, troque os modelos e use o que tenha em mãos, não precisa de muito investimento.
Existem muitos exemplos de brincadeiras que estimulam a aprendizagem, mas a criança não faz sozinha, sendo de grande valia o adulto se envolver, enriquecendo e organizando de maneira que possa explorar o máximo da brincadeira. Vale ressaltar que cada criança tem um ritmo de aprender, as vezes é necessário fazer tudo com muita calma, para aumentar o tempo de interesse, atenção e principalmente para fortalecer os laços afetivos com a criança.
Sentar e brincar com uma criança autista pode parecer bem difícil, pois algumas crianças não conseguem ficar paradas por muito tempo, sendo necessário buscar por atividades que atraiam sua atenção, às vezes é necessário iniciar pelo interesse da criança, e aos poucos inserindo outro brinquedo, ou objeto que deseja trazer para a brincadeira e levemente ir eliminando o objeto concorrente, procure identificar a zona de conforto social da criança, em seguida, siga a liderança dela, isto é, permita que a criança dite o ritmo da brincadeira e o tempo, pois ao começo poderá ser menos e depois ir aumentando a quantidade de tempo e o interesse.
As crianças com autismo precisam aprender a brincar e não usar os brinquedos somente como forma de autoestimulação, só para ordenar. Muitas vezes, a criança espalha os brinquedos e não sabe brincar, necessitando de ajuda para aprender a brincar. O segredo é brincar bastante, para ensinar como brincar.
Durante a brincadeira algumas dicas são muito importantes com a criança autista, por mais que seja necessário estimular a fala, não deve falar muito, pois elas tendem a ter dificuldades de ouvir muitos comandos ao mesmo tempo. Procure brincar em ambiente com poucos distratores, para aumentar a atenção da criança para a atividade naquele momento. Sempre demonstre interesse pelo brinquedo da criança, use um tom de voz adequado, faça pequenos sons do tipo “tibummmm”, “tic, tic”, “tum, tum, tum”, “toim, toim”, “iuiuiuiuiu”, fazer expressões com a boca e com os olhos, mas sempre observe o comportamento, pois muitas crianças são mais sensíveis e podem não gostar de muitos sons.
Sabemos que a criança pode melhorar o comportamento autista por meio de intervenções adequadas, tanto a família, quanto os profissionais envolvidos devem olhar para a criança além do autismo, lutar todos os dias juntos, para dias melhores na vida da criança, elas também se dedicaram e aos poucos a superação vai acontecendo, mesmo que seja de forma lenta, mas, aos nossos olhos serão gigantes, pois a cada nova aprendizagem, um salto de desenvolvimento ocorrerá e assim, até a vida adulta.
Matéria por
Marli Cabrera Soares
Psicopedagoga ABPp 13280 | Campo Mourão