A Toxina Botulínica, o famoso botox, (que na verdade é uma marca), é conhecida em todo o mundo como uma solução para os problemas que surgem e denunciam o avançar da idade, como as rugas e a flacidez; na odontologia é uma novidade, foi regulamentada a pouco mais de um ano. Sua ação terapêutica nos pacientes está relacionada à diminuição de dores e sensação de conforto e bem-estar.
A toxina botulínica foi inicialmente estudada, para uso médico e terapêutico, no estrabismo, na década de 70. A experimentação em humanos iniciou- -se em 1977. Desde então vem sendo utilizada também para tratamento de diversos distúrbios musculares. Sua aprovação pelo Food and Drug Administration (FDA) se deu em 1989 para blefaroespasmo (contração involuntária das pálpebras), estrabismo e espasmo hemifacial. Na última década a toxina botulínica tipos A e B vêm sendo usada não só para uso em patologias neuromusculares, mas sim em tratamento cosmético como: rugas na área da glabela, hiperidrose axilar (suor excessivo), correção e rugas no rosto, pescoço e peito; e agora para fins terapêuticos na odontologia.
As indicações na odontologia são:
Tratamento do bruxismo (hábito de ranger os dentes, principalmente no sono) a toxina substitui a placa miorrelaxante, a substância é aplicada de cada lado da face, nos principais músculos da mastigação para fazê-los perderem a força excessiva; tratamento do apertamento (forte pressão contra os dentes, durante todo o dia); disfunções da Articulação Têmporo Mandibular (ATM); cefaleia (dor de cabeça causada ou agravada pelos músculos da mastigação pode ser controlada pelo cirurgião-dentista); sialorreia (salivação exagerada); tratamento da hipertrofia do músculo masseter (um dos responsáveis pela abertura e fechamento da mandíbula); aplicação em pacientes reabilitados com implantes dentários para diminuir a força exercida sobre os mesmos, ajuda no relaxamento da musculatura da mastigação, melhorando as condições de osteointegração dos implantes; assimetria de face: alguns pacientes podem apresentar o músculo masseter hipertrofiado, ou seja, pode ganhar volume de maneira exagerada. Quando isto ocorre apenas num lado, observa-se uma assimetria de rosto. Quando ocorre nos dois lados, a aparência do maxilar fica extremamente larga e um rosto muito quadrado. A toxina botulínica corrige essas situações; pacientes com uma linha de sorriso alta, ou seja, que ao sorrirem mostram a gengiva em excesso – chamada sorriso gengival – podem fugir da cirurgia em alguns casos. Com uma pequena aplicação de cada lado da face, o músculo responsável por tracionar o lábio superior para cima e, consequentemente expor a gengiva em demasia, recebe um bloqueio químico, tendo, desta forma, a sua atividade diminuída. A melhora do quadro é notória e não há perda de sensibilidade no lábio superior, nem a sensação de face paralisada.
Sua aplicação tem uma previsibilidade excelente, de técnica simples, rápida e contraindicações quase inexistentes. A toxina botulínica é uma neurotoxina produzida pela bactéria anaeróbia, Clostridium botulinum, que se encontra no solo, plantas e água. Esta bactéria produz sete diferentes exotoxinas antigênicas, sendo que a tipo A é a mais poderosa seguida pelos tipos B e F. Esta toxina atua na junção neuromuscular. A toxina interfere com a transmissão nervosa bloqueando a libertação de acetilcolina, que é o principal neurotransmissor na junção neuromuscular da placa pré-sináptico, diminuindo o tônus muscular.
Seu efeito é quase que imediato feito em sessão única, com alto grau de satisfação, é percebido entre 1 a 5 dias, alcançando seu efeito máximo em 15 dias, sua ação permanece por um período de 5 a 6 meses quando ao final desse tempo a toxina perde sua ação. Experiência clínica mostra que após algumas aplicações em pacientes com bruxismo e apertamento tendem a ter um espaçamento de tempo maior devido a uma desprogramação gradual dessa parafunção.
Requesitos básicos para um cirurgião-dentista desenvolver este tipo de técnica são o conhecimento profundo da anatomia da face; do domínio da técnica; da ação, dosagem, efeitos colaterais e contraindicações da toxina que será empregada. A toxina botulínica na odontologia aparece como grande coadjuvante no tratamento das disfunções já citadas, acarretando uma melhora estética, funcional e na sua autoestima.
Matéria por
Achilles Parma Neto
Periodontia CRO-MS 2127 | Campo Grande