O que é a Retinopatia da Prematuridade?
Retinopatia da Prematuridade (“ROP”) é uma doença que afeta a retina dos bebês prematuros e/ou com peso menor do que 1,2 quilos. A ROP é uma das principais causas de cegueira na infância, sendo responsável por 50.000 crianças cegas anualmente em todo o mundo. A doença afeta principalmente os bebês oriundos de países em desenvolvimento, onde há falta de recursos humanos e de equipamentos adequados nos berçários e UTIs neonatais.
O que causa esta doença?
O olho humano começa a se desenvolver com 16 semanas de gravidez. Entretanto, são nos últimos 3 meses de gestação que os olhos do bebê mais se desenvolvem (Figura 1A). Se um bebê nasce muito prematuro, a sua retina não receberá oxigênio e nutrientes de forma adequada. Consequentemente, vasos sanguíneos anormais podem crescer na retina destes bebês (Figura 1B), levando a sangramento intraocular e descolamento da retina. Uma vez tendo apresentado descolamento da retina, os resultados visuais em longo prazo não são satisfatórios, mesmo após cirurgia oftalmológica.
Outros fatores de risco para a Retinopatia da Prematuridade:
Além da prematuridade extrema e do baixo peso, outros fatores contribuem para a ROP, tais como: exposição do bebê a altas concentrações de oxigênio na UTI neonatal ou berçário, anemia grave, transfusões sanguíneas, doenças respiratórias no recém- nascido e infecção generalizada.
Como a doença é tratada?
A aplicação de laser na retina dos bebês é o tratamento mais eficaz para a ROP. O laser é não invasivo e a retina é “cauterizada” de dentro para fora, levando à regressão dos vasos anormais. Este tratamento é realizado com o bebê internado, sob anestesia geral, e somente naqueles casos de ROP avançada. Em casos mais extremos também é necessária a realização de injeções intraoculares de medicamentos que inibem a proliferação dos vasos sanguíneos ou mesmo cirurgia ocular.
Quem deve ser examinado?
O exame deve ser realizado por oftalmologista com experiência em mapeamento de retina de recém-nascidos prematuros, e os olhos do bebê devem ser dilatados com colírios específicos antes da realização do exame. O mapeamento de retina não deve ser confundido com o teste do reflexo vermelho (“teste do olhinho”), o qual é realizado rotineiramente em todos os bebês, independente de ser prematuro ou não. Bebês prematuros que devem ser examinados na UTI neonatal ou no berçário: 1. Peso ao nascimento < 1.500 gramas e/ou idade gestacional < 32 semanas (7 meses); 2. Bebês que apresentaram: desconforto respiratório, infecção generalizada, transfusões sanguíneas, hemorragia cerebral.
Quando o exame deve ser realizado?
O primeiro exame de mapeamento de retina do bebê prematuro deve ser realizado entre a 4ª e 6ª semana de vida. Se a retina do bebê já estiver completamente desenvolvida, nova avaliação oftalmológica deve ser feita com 6 meses de vida. Caso a retina ainda não esteja formada ou a criança já apresente a ROP, exames subsequentes deverão ser feitos semanalmente ou a cada duas semanas, de acordo com a gravidade da doença. Devemos lembrar também que, mesmo após a regressão da ROP, o bebê poderá apresentar estrabismo (olho torto) ou alta miopia (dificuldade para enxergar de longe), em consequência da prematuridade. Sendo assim, todos os bebês prematuros, mesmo sem ROP, devem realizar avaliação oftalmológica completa aos 6 meses de vida.
Matéria por
João Rafael de O. Dias
Oftalmologia CRM/SC 20462 | RQE 11962 | Chapecó