O bruxismo é uma condição odontológica que está atraindo um interesse crescente não somente dos cirurgiões dentistas como também de pesquisadores e médicos de diversas áreas, como neurologistas, otorrinolaringologista, psicólogos e médicos especialistas em dor.
Como falado em outras matérias, é importante reforçar a clara necessidade de diferenciação entre o bruxismo que acontece durante o sono (Bruxismo do Sono - BS) e o bruxismo que acontece quando se está acordado (Bruxismo da Vigília - BV).
De acordo com o último Consenso Internacional publicado em março de 2017, o Bruxismo da Vigília pode ser definido como uma atividade muscular mastigatória durante a vigília, caracterizada por contato dentário repetitivo ou sustentado e / ou por contração da musculatura sem encostar os dentes, além de incluir o ato de empurrar a mandíbula.
Do ponto de vista etiológico, o bruxismo pode ser um sinal de um distúrbio (por exemplo, distúrbios psicológicos ou neurológicos). Do ponto de vista clínico, pode ser um fator de risco para consequências negativas (por exemplo, desgaste dentário, fadiga e dor muscular, falhas de restaurações dentárias) ou mesmo um fator positivo associado a outras condições (por exemplo, reduzindo o risco de desgaste dentário químico prejudicial por meio do aumento da salivação em pacientes com refluxo gastroesofágico). Essas considerações são de fundamental importância por contribuírem para uma compreensão mais ampla do tema e por demonstrar a necessidade de uma nova conceituação do bruxismo na ciência do comportamento.
Uma das modalidades de controle do Bruxismo da Vigília atualmente disponíveis é o emprego de aplicativos em smartphones, que permitem que o paciente concentre sua atenção no comportamento dos músculos da mastigação apenas em momentos aleatórios e no ambiente natural. O ato de concentrar-se repetidamente em um comportamento específico pode capacitar o paciente a melhorar a autoconsciência e ser responsável por promover mais controle e mudança cognitiva. Além disso, essa abordagem cognitivo-comportamental baseada em aplicativos também é interessante para ajudar a conscientizar sobre as possíveis consequências do bruxismo da vigília e aumentar a compreensão das pessoas sobre a necessidade de manter os músculos da mandíbula relaxados.
Uma outra possibilidade, refere-se a uma nova abordagem de biofeedback que foi recentemente apresentada à comunidade científica e demonstrou em seus primeiros resultados de avaliação, uma redução na intensidade das dores na região dos músculos da mastigação. O método idealizado pelo Dr. Alain Haggiag demonstrou ser uma solução simples, inovadora e seu emprego é restrito aos profissionais credenciados no Sistema de Tratamento – LIVA - APP®.
Diante aos conhecimentos apresentados, é importante ressaltar que o controle do bruxismo em vigília remete às intervenções cognitivas e psicológicas que buscam modificar o comportamento diretamente por meio de diferentes possibilidades terapêuticas. Além disso, a identificação e gerenciamento dos possíveis fatores associados a sua presença são imprescindíveis. Consulte com um especialista em Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial que irá direcionar o tratamento mais apropriado para essa condição.
Matéria por
NAILA APARECIDA DE GODOI MACHADO
Odontologia CRO/MG 35495 | Uberlândia