Rinite medicamentosa é uma condição clínica resultante do uso prolongado ou recorrente de descongestionantes nasais tópicos. O sintoma mais evidente desta condição é a obstrução nasal importante, associada também a ressecamento da mucosa e presença de crostas.
Como exemplos de descongestionantes tópicos, podemos citar: oximetazolina, xilometazolina, nafazolina e fenilefrina tópica. O mecanismo de ação destes medicamentos envolve a estimulação de receptores alfa adrenérgicos no plexo vascular da mucosa nasal, especialmente dos cornetos inferiores. Esta ação gera vasoconstrição na mucosa nasal, com consequente redução do volume dos cornetos e uma sensação de melhora no fluxo aéreo do nariz em poucos minutos.
Tipicamente, o paciente com rinite medicamentosa relata uma história de início de uso dos descongestionantes durante crise aguda de rinite (infecciosa ou alérgica). Como o tempo de início de ação destas substâncias é muito rápido, o conforto obtido com a melhora da obstrução nasal em poucos minutos favorece o uso contínuo do medicamento. Entretanto, após poucos dias de uso (entre 3 a 5 dias), existe grande possibilidade de ocorrer uma vasodilatação de rebote, manifestando- se clinicamente como obstrução nasal progressiva, o que por sua vez obriga o paciente a utilizar o medicamento em doses maiores e intervalos cada vez menores, instalando- se um ciclo vicioso.
Isso acaba por impactar de maneira significativa a qualidade de vida, inclusive podendo interferir no sono, já que alguns pacientes despertam ao longo da noite para fazer uso do medicamento no nariz e conseguir algum conforto para respirar, resultando em fragmentação do sono e consequente fadiga diurna.
Estes medicamentos são vendidos sem receita médica, então por desconhecerem os riscos de seu uso contínuo, muitas pessoas utilizam estas substâncias de maneira inadequada.
Complicações possíveis pelo uso prolongado de descongestionantes nasais são: rinite atrófica, perfuração de septo nasal, sangramento e hipertrofia permanente dos cornetos inferiores.
O tratamento envolve a interrupção do descongestionante tópico, com o auxílio de medicamentos como os corticoides intranasais de baixa absorção sistêmica, que vão atuar na redução do processo inflamatório instalado. Em algumas situações é necessária a associação de medicamentos por via oral, e em casos mais severos e sem resposta ao tratamento clínico pode ser indicada intervenção cirúrgica para redução do volume dos cornetos nasais inferiores (turbinoplastia/ turbinectomia).
Matéria por
Fernanda Fiorese Philippi
Otorrinolaringologia CRM/SC 13496 | RQE 6769 | Florianópolis