A doença hemorroidária, mais popularmente conhecida como hemorroidas, é a dilatação das veias localizadas no ânus. É extremamente comum, estima- se que 50% da população acima de 50 anos deve apresentar sintomas da doença hemorroidária em algum momento da sua vida. Contudo, os maus hábitos alimentares e o sedentarismo têm levado cada vez mais jovens a desenvolver sintomas da doença.
Os sintomas mais comuns são desconforto anal, dor, sangramento e prolapso (quando ocorre a exteriorização da hemorroida), o que geralmente, ocorre durante a evacuação. Também pode ocorrer prurido (coceira) e secreção (umidade) nas roupas íntimas.
A postura ereta característica da raça humana, influencia aumentando a pressão nas veias do ânus. Fatores, tais como: constipação intestinal, defecação difícil, uso crônico de laxativos, dieta pobre em fibras, verduras e legumes; longo período sentado no banheiro, gravidez, além de rotinas profissionais ou esportivas, podem ainda aumentar mais esta pressão dentro das veias, o que as leva a dilatar. A herança genética (história familiar) também é um fator importante para o desenvolvimento de hemorroidas.
As hemorroidas classificam-se em internas e externas, separadas pela linha pectínea (linha que separa a mucosa e a pele do canal anal). Nos níveis iniciais da doença, é possível o tratamento clínico, associado a higienização e dieta rica em fibras. Nos níveis mais avançados, é necessário o tratamento cirúrgico, sempre após correto diagnóstico médico. A saída, neste caso, é a retirada das hemorroidas. A cirurgia tradicional, realizada desde 1937 por Milligan-Morgan resolve o problema, mas cobra um preço: uma recuperação penosa, com dor pós-operatória importante.
Foram necessárias mais de 7 décadas para que fossem desenvolvidas novas técnicas para o tratamento cirúrgico da doença hemorroidária. Entre os tratamentos cirúrgicos mais eficazes está a técnica de Desarterialização Hemorroidária Transanal (THD) guiada por Doppler também conhecida por Cirurgia Minimamente Invasiva das Hemorroidas, que consiste na identificação das artérias com hiperfluxo e “estrangulamento” das mesmas através de pontos de sutura (fechamento das artérias com fios cirúrgicos para impedir o fluxo de sangue). Este procedimento é bastante simples e pode ser realizado em poucos minutos por um cirurgião experiente. Como não existe “corte”, a recuperação do paciente é melhor e mais rápida e em poucos dias ele está apto a voltar à sua rotina normal.
As hemorroidas internas dividem-se em quatro graus, conforme a figura abaixo:
Grau 1: O paciente apresenta um aumento no numero e tamanho das veias hemorroidárias, mas não há prolapso.
Grau 2: as dilatações hemorroidárias apresentam- se fora do canal anal no momento da evacuação, mas retornam espontaneamente para dentro do canal anal.
Grau 3: também ocorre o prolapso hemorroidário, mas este necessita de ajuda manual para o seu retorno para dentro do canal anal.
Grau IV: apresenta um prolapso hemorroidário permanente e irredutível, o que traz desconforto ao paciente.
Matéria por
Marcos Braun
Coloproctologia CRM/SC 12352 | RQE 15252 | Florianópolis