Constelação Sistêmica Familiar
Antes de ler este texto, imagine por alguns instantes que seus pais estão atrás de você, seu pai à direita e sua mãe à esquerda. Eles tocam seus ombros. Logo atrás deles estão seus avós - materno e paterno - depois bisavós, trisavós e, assim, sucessivamente várias gerações. Veja quantas pessoas existiram para que você pudesse estar lendo este artigo. Sinta a força que chega vinda deste grupo.
A Constelação Sistêmica Familiar é uma metodologia terapêutica breve, que lança luz sobre o nosso sistema familiar fazendo-nos olhar para onde viemos. Lembre-se de sua família voltando onze gerações, 4091 pessoas nasceram para você poder estar aqui. Veja quantas experiências foram vividas por elas, quanto amor e quanta dor vivenciaram.
Segundo a Constelação Sistêmica Familiar, tudo o que se move neste universo é conduzido por uma força que chamamos de fluxo do Amor, que flui através de todos os seres. Quando algo grave acontece e fere o sistema, por exemplo um crime, abuso, roubo, uma exclusão, o fluxo do amor é interrompido, a energia fica bloqueada, causando transtornos – doenças, desequilíbrios mentais, vícios, entre outros - a todo o sistema.
A Epigenética (termo biológico que explica as informações dos genes de cada célula) comprova que temos em nosso DNA muito mais do que características físicas, herdamos também doenças, comportamentos, padrões de crença. Na Constelação Sistêmica, os bons passos dados por nossa família chegam até as gerações futuras como força e os maus passos chegam como possibilidade de cura e harmonização no sistema. E, sessenta por cento de nossas questões são sistêmicas.
Essa carga emocional/comportamental que herdamos nos faz, inconscientemente, repetirmos as histórias vividas por eles, porque os amamos e temos fidelidade ao sistema. Assim, como uma tormenta causa transtorno, mas umidifica a terra, a Constelação Familiar vê as doenças e transtornos como possibilidades de liberação daquilo que ocorreu com nossos ancestrais, deixando livres as gerações futuras.
Bert Hellinger, teólogo e psicoterapeuta alemão que sistematizou as Constelações Familiares nos moldes que ela tem hoje, afirma que a base deste trabalho é o respeito e o não julgamento; é olhar para um indivíduo e reconhecer o que é que o sustenta; é ver atrás de cada ser humano gerações inteiras com suas histórias e experiências. Segundo ele, existem três leis/ princípios que regem o sistema - um grupo de seres que se unem com idéias e ideais comuns, por exemplo: sistema familiar, sistema empresarial, sistema escolar. São elas: Hierarquia, Pertinência e Equilíbrio entre o dar e receber.
Hierarquia: aqueles que vieram antes, têm precedência sobre os que vieram depois. Os pais são os primeiros e devem ocupar o lugar de pais, depois vêm os filhos e ocupam seus lugares por ordem de nascimento e devem ocupar o lugar de filhos. Deve existir uma ordem no sistema e se alguém ocupa o lugar errado na hierarquia, isto traz desordem e desorganiza o sistema.
Pertinência: todos têm o direito de pertencer ao seu grupo. Se houver exclusão, o sistema não aceita e busca trazer algo para substituir aquilo que foi excluído. Numa família, ninguém pode ser excluído, crianças abortadas - espontâneas ou provocado - natimortos, assassinos, vítimas, todos devem estar incluídos no sistema para que haja paz e harmonia.
Equilíbrio entre dar e receber: o sistema pede que haja troca entre o que se dá e o que se recebe. Se um dá muito, fica muito maior, e o que recebe, se sente menor e, muitas vezes, sai da relação.
Compreender, respeitar e aplicar essas ideias, muda nossa relação com nossos ascendentes e descendentes e, consequentemente, muda também nossa visão de mundo, trazendo paz e equilíbrio.
A Constelação Sistêmica Familiar nos auxilia a reconectar com as estórias de nossas famílias e traz luz para o que ocorreu em nosso sistema. E, quando possível, por meio de movimentos, frases, olhares, posicionamentos, encontramos o caminho para que o Fluxo do Amor retorne ao sistema.
Matéria por
MARIA DE FÁTIMA ARAÚJO
Profissional de Educação Física UNAERP 1981 | Ribeirão Preto