A palavra Bullying é de origem inglesa e, sem tradução ainda no Brasil, é utilizada para qualificar comportamentos violentos, tanto de meninos quanto de meninas. Dentre esses comportamentos podemos destacar as agressões, os assédios e as ações desrespeitosas, todos realizados de maneira recorrente e intencional por parte de agressores.
É fundamental explicar que as atitudes tomadas por um ou mais agressores contra um ou algumas pessoas, geralmente, não apresentam motivações específicas ou justificáveis. Isso significa dizer que, de forma quase “natural”, os mais fortes utilizam os mais frágeis como meros objetos de diversão, prazer e poder, com o intuito de maltratar, intimidar, humilhar e amedrontar suas vítimas. E isso, invariavelmente, sempre produz, alimenta e até perpetua muita dor e sofrimento nos vitimados.
A prática do bullying agrava o problema preexistente, assim como pode abrir quadros graves de transtornos psíquicos e/ou comportamentos que, muitas vezes, trazem prejuízos irreversíveis:
• Sintomas Psicossomáticos: é quando a pessoa tende a apresentar diversos sintomas físicos, como a cefaleia, cansaço crônico, insônia, dificuldade de concentração, náuseas, diarreia, boca seca, etc. Vale ressaltar que esses sintomas, sejam isolados ou múltiplos, costumam causar elevados níveis de desconforto e prejuízos nas atividades cotidianas do indivíduo.
• Transtorno do Pânico: caracteriza-se pelo medo intenso e infundado, que parece surgir do nada, sem qualquer aviso prévio. O indivíduo é tomado por uma sensação enorme de medo e ansiedade, acompanhado de uma série de sintomas físicos, sem razão aparente.
• Fobia Escolar: caracteriza-se pelo medo intenso de frequentar a escola, ocasionando repetências por faltas, problemas de aprendizagem e/ou evasão escolar. Quem sofre de fobia escolar passa a apresentar diversos sintomas psicossomáticos e todas as reações do transtorno do pânico, dentro da própria escola; ou seja, a pessoa não consegue permanecer no ambiente escolar cujas lembranças são traumáticas.
• Fobia Social: também conhecida por timidez patológica, o indivíduo que a apresenta sofre de ansiedade excessiva e persistente, com temor exacerbado de se sentir o centro das atenções ou de estar sendo julgado ou avaliado negativamente. Assim, com o decorrer do tempo, tal indivíduo passa a evitar qualquer evento social, ou procura esquivar-se deles, o que traz sérios prejuízos à sua vida acadêmica, profissional, social e afetiva.
• Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG): é uma sensação de medo e insegurança persistente. A pessoa que sofre de TAG preocupa-se com todas as situações ao seu redor, desde as mais delicadas e importantes até as mais corriqueiras.
• Depressão: não é apenas uma sensação de tristeza, de fraqueza ou de “baixo astral”. É mais do que isso: trata-se de uma doença que afeta o humor, os pensamentos, a saúde e o comportamento. A depressão em crianças e adolescentes foi, por muito tempo, ignorada ou subdiagnosticada. Porém, atualmente, os estudos sugerem um alto nível de incidência de sintomas depressivos na população escolar.
• Anorexia e Bulimia: anorexia nervosa se caracteriza pelo pavor descabido e inexplicável que a pessoa tem de engordar, com grave distorção da sua imagem corporal. Isto é, mesmo que ela já esteja extremamente magra ou até esquálida, ainda se acha acima do peso. Já a bulimia nervosa se caracteriza pela ingestão compulsiva e exagerada de alimentos, geralmente muito calóricos, seguida por um enorme sentimento de culpa em função dos “excessos” cometidos.
• Transtorno Obsessivo-Compulsivo: popularmente conhecido como “manias”, o transtorno obsessivo-compulsivo se caracteriza por pensamentos sempre de natureza ruim, intrusivos e recorrentes (obsessões), causando muita ansiedade e sofrimento. Na tentativa de “exorcizar” tais pensamentos e de aliviar a própria ansiedade, o portador de TOC passa a adotar comportamentos repetitivos (conhecidos como compulsões) de forma sistemática e ritualizada.
Não somente crianças e adolescentes sofrem com essa prática indecorosa, o bullying, como também muitos adultos ainda experimentam aflições intensas advindas de uma vida estudantil traumática.
Desta forma, devemos refletir de maneira bastante conscienciosa que, além de o bullying ser uma prática inaceitável nas relações interpessoais, pode levar a quadros clínicos que exijam cuidados médicos e psicológicos para que sejam superados.
Matéria por
Ellen Cristina Soares Ceranto
Psicóloga CRP: 08/12412 | Umuarama
Sumaia Mahmoud Nage
Psicóloga CRP: 08/12684 |