A imperfuração do ducto nasolacrimal é a mais frequente anomalia congênita das vias lacrimais. Lacrimejamento é o sinal clínico mais presente e começa a partir da segunda semana de vida, quando a produção de lágrima aumenta. A obstrução pode ser uni ou bilateral, sendo mais frequente a unilateral.
Acomete igualmente ambos os sexos em aproximadamente 6% dos recém-nascidos. Na palpação da região do saco lacrimal, com uma leve compressão, observa-se o refluxo de secreção mucosa ou purulenta pelos pontos lacrimais, se o canalículo comum estiver pérvio. A epífora frequente desde nascimento, presença de secreção e episódios recorrentes de piora dos sintomas sugerem obstrução congênita.
Tratamento da Obstrução Lacrimal Congênita
A obstrução nasolacrimal do recém- -nascido pode resolver espontaneamente em alguns casos até o 6º mês. Algumas crianças obtêm melhora até mais tarde, mas não temos como prevê-la.
O tratamento clínico é a primeira etapa e consiste na massagem do saco lacrimal. A massagem hidrostática é realizada de cima para baixo, exercendo pressão sobre a região do saco lacrimal e tem como finalidade aumentar a pressão interna sobre o saco. Essa pressão se propaga para a extremidade inferior do ducto, resultando em abaulamento, distensão e rompimento da membrana na porção terminal da via lacrimal. O conteúdo do saco lacrimal reflui para ponto lacrimal ocasionando melhora temporária do desconforto da epífora e também prevenindo a infecção do saco lacrimal. A massagem pode ser curativa em 70% dos casos. Antibioticoterapia local está indicada nos primeiros meses quando há infecção.
Tratamento Cirúrgico: Sondagem da via lacrimal é realizada sob anestesia geral, com técnica e materiais adequados. É consenso que o procedimento cirúrgico está indicado somente após a falha do tratamento clínico, que é realizado no período de 0-6 meses e até um pouco mais até 10 meses. A maioria dos trabalhos científicos mostra que o sucesso da sondagem é em torno de 95% até o primeiro ano de vida, e que há diminuição desse índice progressivamente com a idade. O sucesso é maior quando as obstruções se verificam na porção distal do ducto e, menor nas obstruções mais altas. O sucesso cirúrgico pode ser definido pela ausência de sintomas de epífora. (lacrimejamento). Outros casos de insucesso da sondagem são: saco lacrimal grande e ectásico, alterações nasais como rinite, cistos no ducto distal, hipertrofia da adenoide ou de cornetos, desvio de septo e sinusiopatia.
A intubação da via lacrimal com silicone pode ser indicada com a sondagem ou nos casos de insucesso da primeira sondagem terapêutica.
Felizmente a maioria dos casos resolve-se espontaneamente. Mas nos casos em que se compromete a saúde da região como com dacriocistes que são inflamações e infecções do saco lacrimal, pode haver piora do quadro, para que isso não ocorra o tratamento com o pediatra e oftalmologista torna-se necessário.
Matéria por
Ursula Zarpellon
Oftalmologia CRM/PR 17456 | RQE 11665 | Ponta Grossa