A impotência sexual também denominada de disfunção erétil pode ser definida como a incapacidade persistente ou repetida em atingir ou manter a ereção suficientemente rígida de modo a permitir a penetração vaginal e a condução de toda a relação sexual.
Relatos da associação entre diabetes e impotência sexual já existem há mais de 200 anos, mas somente nas últimas décadas é que se tornou uma fonte maior de estudos. Estima-se que cerca de 40% dos homens com problemas na ereção tem diabetes.
Sua incidência aumenta com a idade atingindo um em cada dois homens diabéticos aos 50 anos de idade. É interessante notar que disfunção erétil pode surgir nestas pessoas independente da gravidade do diabetes, sua duração, o tipo de medicação empregada ou a qualidade do seu controle. Problemas na potência sexual pode ser uma complicação inicial ou tardia desta doença, e em algumas ocasiões chega mesmo a ser o primeiro sintoma. A instalação da disfunção erétil ocorre de maneira lenta e gradual, desenvolvendo-se aos poucos, em meses ou anos.
O que se percebe no início é a dificuldade em manter o pênis rígido e que em semanas ou meses depois poderá se agravar até a completa incapacidade para conseguir uma penetração. A ejaculação precoce ou rápida pode acompanhar o caso como conseqüência da falta de rigidez do pênis. O desejo sexual encontra-se normal no início, mas tende a diminuir à medida que surgem os problemas sexuais. Para se entender melhor como a ereção peniana é afetada, primeiro necessitamos conhecer melhor seu mecanismo. Ter uma ereção é um processo complexo e inicia-se através de estímulo erótico (visual, toque, cheiro), com o cérebro, os nervos, vasos sanguíneos e hormônios atuando em conjunto para produzir um rápido aumento do fluxo de sangue para o pênis.
As veias, que tem a função de levar o sangue para fora, são bloqueadas pelo aumento da pressão interna do órgão o que mantém a rigidez peniana. O diabetes pode afetar os sinais nervosos transmitidos do cérebro para o pênis, fenômeno conhecido como neuropatia autonômica, levando a uma interrupção dos impulsos nervosos necessários para dilatação dos vasos sanguíneos do órgão.
O diabetes também pode causar diminuição da sensação do pênis conhecida como neuropatia sensorial periférica. Qualquer diminuição de sensação nos genitais pode acarretar uma dificuldade em atingir ou manter a ereção. Lesões na circulação sanguínea do pênis (lesões vasculares) são também bastante comuns e em muitos casos podem aparecer antes das lesões dos nervos.
O diabético tem uma maior chance de desenvolver aterosclerose (entupimento das artérias), por isto a prevalência de infarto do coração e derrame cerebral é maior nas pessoas portadoras desta doença. Pelo mesmo fator as artérias que levam sangue até o pênis podem ser comprometidas prejudicando a ereção peniana. A estes fatores associam-se os efeitos psicológicos agravados pelo conhecimento por muitos de que a impotência é uma complicação conhecida do diabetes.
Esta informação por si só pode ser fonte de ansiedade gerando preocupações excessivas com o desempenho sexual e acabando por criar um medo crescente de falhar no momento da relação sexual. É necessário esclarecer que a disfunção erétil do diabético é difícil de regredir, especialmente quando se demora muito tempo para procurar ajuda médica, portanto é essencial um controle rigoroso da glicemia para evitar a progressão da doença e consequentemente suas complicações.
Alguns outros fatores podem agravar o problema como ser fumante, o que aumenta o risco de lesões das artérias penianas por aterosclerose e da mesma forma o uso exagerado do álcool contribui e acelera o desenvolvimento de lesões dos nervos (neuropatia). Todo o diabético além de controlar a taxa de açúcar no sangue deve evitar o cigarro, álcool em excesso, ter controle sobre o colesterol e pressão arterial, além de seguir uma dieta saudável e ter uma atividade física regular. Hoje sabemos que a disfunção erétil acompanha muitas pessoas com diabetes, mas existe uma variedade de opções para a solução deste sério problema, proporcionando uma qualidade de vida extremamente melhor.
Matéria por
Marcio De Carvalho
Urologia CRM/PR: 12020 | RQE 6499 | Maringá