Ficar irritado com alguém ou com alguma situação é absolutamente normal, mas estar sempre nervoso ou irritado pode ter explicações que vão além de ter “gênio difícil” ou ser “pavio curto”. É interessante observar que as pessoas irritáveis dificilmente se notam como tal. Não percebem com clareza o seu sintoma e, por isso, se escondem atrás de justificativas como “eu tenho razão, os outros estão errados”, ”ninguém me compreende”, “sou o único a fazer as coisas de forma correta, pois ninguém se esforça/ preocupa como eu”.
Quando se avalia um sintoma como a irritabilidade é preciso saber o nível de gravidade, a frequência, o quanto interfere na rotina de vida da pessoa e seu nível de disfunção social e familiar. Quando é persistente e causa sofrimento a si e aos outros, inclusive com prejuízo das relações sociais e da qualidade de vida, a pessoa precisa procurar ajuda médica especializada.
Muitas vezes o indivíduo vê sua irritabilidade como sintoma único e inato, mas aqueles que convivem com ele observam outros sinais/sintomas acompanhando o quadro, tais como isolamento social, pensamentos negativos e repetitivos, agressividade, baixa tolerância à frustração, piora no rendimento acadêmico/profissional, ansiedade intensa, etc. Dessa forma, a importância de procurar o psiquiatra é diagnosticar ou descartar algum transtorno mental específico que possa estar sendo responsável pela irritação emocional, já que a maioria dos transtornos mentais causa esse sintoma, dentre eles os transtornos de ansiedade, transtornos do humor (Transtorno Depressivo, Transtorno Afetivo Bipolar, Distimia), transtornos psicóticos, transtornos de personalidade, síndromes demenciais, transtornos devido ao uso de substâncias, transtornos na infância e adolescência (Transtorno de Conduta, TDAH), distúrbios do sono e outros.
Portanto, uma ampla investigação deve ser realizada, já que a irritabilidade pode ter vários significados que exigem condutas igualmente distintas - uso de medicamentos (antidepressivos, estabilizadores de humor, antipsicóticos) e/ou psicoterapia - a depender do diagnóstico, já que são essenciais para a diminuição do sofrimento psíquico e consequente melhora da qualidade de vida do indivíduo.
Vale lembrar que mudanças comportamentais e cognitivas (modificação do pensamento perante eventos negativos ou dificultosos da vida), atividades de lazer e esporte, religiosidade e técnicas de relaxamento também tem efeitos satisfatórios no controle da irritabilidade.
Matéria por
Simone Pistori
Psiquiatria CRM/PR 16322 | RQE 17122 | Londrina