Intersexualidade é a ocorrência de qualquer variação de caracteres sexuais, incluindo cromossomos, gônadas e/ou órgãos genitais, que dificultam a identificação de um indivíduo como totalmente feminino ou masculino.
Essa variação pode compreender a ambiguidade genital, as variações cromossômicas sexuais diferentes de XX para mulher e de XY para homem, além de outras características de dimorfismo sexual como aspecto da face, membros, comportamento, voz, formato de partes do corpo e pelos.
Os sistemas de classificação variam, uma das classificações mais usadas, baseia- se na morfologia das gônadas:
1. A primeira categoria compreende os transtornos da diferenciação gonadal.
2. A segunda, o pseudo hermafroditismo feminino (quando têm ovários com genitais masculinizados).
O indivíduo nasce com os cromossomos femininos (XX) e com ovários, mas a genitália externa é masculina. Geralmente, essa condição é resultado de um feto do sexo feminino que foi exposto a altas quantidades de hormônio masculino durante a gestação. Aqui, os grandes lábios, que são as dobras da pele da genitália feminina externa, se fundem, e o clitóris aumenta de tamanho e fica com a aparência de um pênis. Pessoas com essas características, geralmente, apresentam útero e trompas de Falópio normais. As causas mais comuns para este tipo de intersexualidade são:
• Hiperplasia adrenal congênita;
• Exposição excessiva de hormônios masculinos durante a gestação;
• Tumores, na maioria das vezes ovarianos, que fazem com que a mãe produza hormônios masculinos em excesso;
• Deficiência de aromatase, uma enzima que normalmente converte hormônios masculinos em hormônios femininos.
A terceira, o pseudo hermafroditismo masculino (quando tem testículos com genitais masculinizados de maneira incompleta).
Neste tipo de intersexualidade, o indivíduo apresenta cromossomos masculinos (XY), mas a genitália externa não é completamente formada – ela pode ser ambígua ou evidentemente feminina. Internamente, as gônodas sexuais podem tanto apresentar estrutura testicular normal, como pode, também, apresentar testículos mal formados ou, ainda, completamente ausentes. As principais causas para esse tipo são:
• Síndrome da insensibilidade do andrógeno (SIA);
• Problemas com testículos, responsáveis pela produção de hormônio masculino. Se eles não forem totalmente formados, o indivíduo poderá apresentar problemas com a produção de testosterona;
• Problemas com a formação de testosterona;
• Problemas com o uso da testosterona;
• Deficiência da 5-alfa-reductase;
Intersexo Gonadal Verdadeiro
Aqui, o indivíduo apresenta tanto tecido ovariano quanto tecido testicular. Isso pode acontecer na mesma gônada (chamado, portanto, de ovotestículo), ou a pessoa também pode apresentar um ovário e um testículo. O indivíduo pode ter cromossomos XX, cromossomos XY ou ambos. A genitália externa pode ser ambígua ou parecer feminina ou masculina. Na maioria das pessoas com intersexo gonadal verdadeiro, a causa subjacente é desconhecida.
Intersexo Complexo ou Indeterminado
Muitas configurações cromossômicas, além dos simples 46-XX ou 46-XY, podem resultar em transtornos do desenvolvimento sexual. Uma pessoa com este tipo de intersexualidade pode apresentar diferenciações cromossômicas, que incluem 45-XO (somente um cromossomo X), 47-XXY e 47-XXX, sendo que os dois últimos apresentam um cromossomo sexual extra. Esses transtornos, no entanto, não resultam necessariamente em uma condição de intersexo, pois nem sempre há discrepância entre a genitália interna e a externa. Pode haver problemas com os níveis de hormônio sexual, desenvolvimento sexual e números alterados de cromossomos sexuais.
Geralmente, os sinais de intersexualidade são visíveis logo ao nascimento, o que se torna uma emergência médica, já que o paciente precisaria sair do hospital com um sexo definido.
Deve ser um tratamento interdisciplinar, e não um tratamento com um especialista só, entre os especialistas que devem ser involucrados no tratamento da intersexualidade estão:
• Geneticista;
• Ginecologista;
• Urologista;
• Endocrinologista;
• Assistente Social;
• Psiquiatra;
• Psicólogo;
• Médico Neonatologista;
• Pediatra.
Os pais devem compreender as mudanças ocorridas no que diz respeito ao tratamento de intersexualidade. A opinião prevalecente era de que, deveria atribuir- -se um gênero específico o mais rápido possível, muitas vezes com base na genitália externa e não no gênero cromossômico. A cirurgia era recomendada imediatamente para crianças que nascessem com essa condição, em que acontecia a remoção do tecido ovariano ou testicular. Em geral, é considerado “mais fácil” reconstruir a genitália feminina do que o funcionamento da genitália masculina.
Mais recentemente, no entanto, a opinião de muitos especialistas mudou. O maior respeito às complexidades do funcionamento sexual feminino levaram à conclusão de que a genitália feminina não pode ser inerentemente melhor que a genitália masculina, mesmo se a reconstrução for “mais fácil”. Além disso, outros fatores podem ser mais importantes neste sentido. Fatores cromossômicos, neurais, psicológicos e comportamentais podem influenciar a identidade do gênero de um indivíduo, que independe do órgão genital.
Obviamente, o intersexo é uma questão complexa, e tratá-lo pode acarretar em consequências no curto e no longo prazo.
Matéria por
Nibsy Coromoto Vegas Rondon
Cirurgia Geral CRM/MT 8097 | RQE 4083 | Sorriso