Os tumores de estômago (câncer gástrico) são o quarto tipo mais comum e a terceira maior causa de morte por câncer no mundo. No Brasil, ele ocupa a terceira posição em homens e a quinta posição em mulheres, excluindo-se os tumores de pele não melanoma. Estima-se, no Brasil, uma incidência de 13 casos novos por grupo de 100 mil habitantes, aproximadamente 21 mil casos novos neste ano, sendo quase o dobro da incidência em homens (65% desses casos em pessoas com mais de 50 anos). Ainda permanece uma doença de prognóstico muito ruim, visto que a única medida terapêutica com finalidade curativa é a cirurgia. Mas, para se ter bons resultados, é fundamental o diagnóstico precoce.
Mesmo com a melhora nos métodos diagnósticos e terapêuticos, o diagnóstico precoce é difícil, veja que, por ser endêmico no Japão e intensamente investigado na população geral, tem-se somente 50% dos casos descobertos em fase precoce causando uma sobrevida global em 5 anos de 40 a 60%. Nos Estados Unidos, a sobrevida global chega a somente 25% em 5 anos, considerando o total de casos. No Brasil, são mais de 14 mil mortes ano. Dentre os fatores de risco para o câncer gástrico, está a infecção crônica pela bactéria H. pylori. Ela está para o câncer gástrico como o tabagismo está para o câncer de pulmão, causando seis vezes mais chance de desenvolver o tumor. Ainda, o consumo de sal em associação ao H. pylori e à gastrite atrófica representam um aumento de risco.
Também: ingestão de bebidas alcoólicas, tabagismo, precária conservação de alimentos, compostos nitrosos, dietas pobres em frutas cítricas, obesidade, histórico de cirurgias gástricas prévias, pólipos gástricos, anemia perniciosa, úlcera gástrica, além de fatores genéticos, este último sendo responsável por até 3% dos casos (mutações CDH1). Sintomas vagos e inespecíficos, como: perda de peso, fadiga, saciedade precoce, epigastralgia, disfagia, náuseas, desconforto abdominal e melena (fezes escurecidas por sangramento) comumente não levam a um aprofundamento nas investigações diagnósticas por uma série de razões relacionadas ao paciente, ao médico e ao sistema.
Massa abdominal palpável, aumento de volume abdominal, gânglios palpáveis pelo corpo, icterícia e anemia profunda são indícios claros de doença avançada e piora nos índices de ressecabilidade e de curabilidade. A presença de um familiar com câncer gástrico tipo difuso antes dos 40 anos de idade ou de dois familiares de 1º ou 2º grau com câncer gástrico tipo difuso com qualquer idade ou história pessoal ou familiar de câncer tipo lobular mamário ou câncer gástrico tipo difuso antes dos 50 anos de idade devem levar o paciente a rígida investigação diagnóstica e testagem genética. A Endoscopia Digestiva Alta (EDA) com biópsia, associado à Tomografia Computadorizada (TC), e demais exames laboratoriais e avaliações nutricionais, fisioterápicas, cardíacas, cirúrgicas e oncológicas determinarão o seguimento terapêutico ao caso clínico abordado. Podem-se adotar procedimentos cirúrgicos, convencionais ou laparoscópicos (gastrectomias parciais ou total), associados a procedimentos radio- quimioterápicos pré ou pós-operatório, tudo isso na dependência da intenção de tratamento curativo ou paliativo da doença. Sendo assim, a procura por um serviço de referência se faz necessário para o melhor prognóstico do paciente.
Matéria por
Leandro Dutra Peres
Cirurgia do Aparelho Digestivo CRM/MT 9035 | RQE 4283 | RQE 4338 | RQE 4339 | Rondonópolis
LEANDRO MROZINSKI
Cirurgia Geral CRM/MT 4751 | RQE 2057 |