Creatinina e ureia são duas substâncias presentes no sangue que costumam ser dosadas quando se pretende fazer uma avaliação da função dos rins. O raciocínio é simples: as duas substâncias (ureia e creatinina) são produzidas constantemente pelo organismo e são eliminadas pelos rins. Deste modo, a sua concentração mantém-se sempre estável. Se os rins passam a não funcionar bem, elas começam a acumular no sangue. Portanto, quanto pior for a função renal, mais elevados serão os valores de ureia e creatinina.
Se os rins não estão conseguindo eliminar a creatinina produzida diariamente pelos músculos, eles provavelmente também estarão tendo problemas para eliminar diversas outras substâncias do nosso metabolismo, incluindo toxinas. Portanto, um aumento da concentração de creatinina no sangue é um sinal de insuficiência renal.
É muito comum nós ouvirmos a seguinte frase:
• Ah, meus rins estão ótimos, eu urino muito bem e eles não doem.
Isto é um grande equívoco! A insuficiência renal crônica não costuma causar sintomas até fases bem avançadas da doença. Em geral, o rim só provoca dor quando há cálculo renal ou infecção. Todas as outras doenças renais não costumam cursar com dor.
Existe também o mito de que urinar bem é um sinal de saúde renal. Na verdade, o controle da água corporal é apenas uma das atribuições dos rins. Inicialmente, o rim torna- -se incapaz de filtrar as toxinas, mas consegue eliminar água sem maiores problemas. A redução do volume da urina é um sinal muito tardio, que muitas vezes só ocorre depois que a insuficiência renal está muito grave e o paciente já precisa entrar em programa de hemodiálise.
A dosagem da creatinina é importante para se detectar a insuficiência renal em fases precoces, evitando, assim, as complicações da doença. Os rins, além do controle da água corporal, também agem no(a) :
• Excreção de substâncias sanguíneas, como remédios ou toxinas;
• Níveis sanguíneos de eletrólitos, como potássio, sódio, magnésio, cálcio e fósforo;
• Produção de hormônios que controlam os glóbulos vermelhos (hemácias);
• Controle da massa dos ossos;
• Controle da função da coagulação do sangue;
• Controle do pH do sangue;
• Controle da pressão arterial.
A insuficiência renal crônica é uma doença que costuma progredir lentamente e de forma silenciosa ao longo de anos, fazendo com que todas as funções acima estejam comprometidas. Não diagnosticar a doença renal precocemente significa não agir em tempo hábil sobre esses problemas.
Cuide-se você merece!!
Matéria por
Edna M. Sanches
Bioquímica CRF 1687 | Foz do Iguaçu