O pé torto congênito, conhecido na área médica como pé equinovaro, é uma má-formação que pode ser dividida em unilateral (um lado acometido) ou bilateral (os dois lados). É, na área ortopédica, uma das más-formações mais comuns.
É estimado que mais de 100.000 bebês nascem com o pé torto todos os anos no mundo, sendo a maioria nos países em desenvolvimento. A maioria dos casos não é tratada, ou é tratada de forma inadequada, sendo assim, esse indivíduo sofre uma séria incapacidade física, que, quando negligenciada, além de tudo sofre as cargas psicológicas, sociais e financeiras para familiares e para a sociedade.
A maior preocupação dos pais é ficarem se questionando se fizeram algo de errado e, por isso, causaram essa moléstia na criança, massacrando-se; todavia, sabemos que as causas do pé torto congênito ainda são desconhecidas, parecem ter relação com o desenvolvimento na 12ª semana de gestação, tornando-a uma doença do desenvolvimento, e não “congênita”. Há também um pé classicamente igual, porém mais flexível e sem as alterações ósseas e de partes moles do pé torto congênito, que deve ser minuciosamente avaliado pelo ortopedista para seu tratamento e acompanhamento, estamos falando do pé torto posicional.
Utilizamos o método de Ponseti no tratamento de manipulações gessadas seriadas. Esse método baseia-se em correções gessadas seriadas com realização de gesso moldado em região de membro inferior da criança até uma angulação ideal, para, no final, se houver necessidade, realizarmos tenotomia (secção do tendão calcâneo) com melhora do equino, essa que é a última deformidade corrigida.
Após o uso do gesso e da tenotomia, utiliza-se gesso por mais três semanas, logo após, órtese de abdução dos pés, que deverá ser utilizada com orientação do ortopedista, fielmente, pois, no pé da criança, há uma memória biológica e, se não houver o uso da órtese, os pés voltam a se deformar, por isso, a criança deve utilizá-la por 2 a 4 anos, dependendo da gravidade do pé torto e da avaliação do ortopedista.
Se o tratamento pelo método de Ponseti for feito de forma correta, a chance de recidiva é menor que 5%, e não haverá sequelas como dores crônicas, irá andar e se desenvolver normalmente, sabendo que o pé torto pode ter alterações nas panturrilhas, mais finas, e pés um pouco menores que os habituais, porém esteticamente aceitáveis.
Matéria por
Leonardo Lotufo Bussiki
Ortopedia e Traumatologia CRM/MT 6133 | RQE 3690 | Cuiabá