Hoje, um achado muito comum no consultório, são de pessoas, principalmente homens, com ferritina elevada no sangue. Mas o que isso significa?
Em primeiro lugar, a ferritina é uma proteína produzida principalmente pelo fígado e possui as funções básicas de carregar ferro e mediar o processo de inflamação. Sua dosagem visa, avaliar a reserva de ferro no organismo e monitorar pacientes em risco de deficiência deste mineral (gestantes, crianças, etc.); e como marcador inflamatório.
Então, a ferritina elevada não significa necessariamente que a pessoa está com sobrecarga de ferro, mas também pode significar que está em vigência de um processo inflamatório agudo ou crônico. Outras causas de aumento da ferritina são doenças do fígado (cirrose, esteatose, hepatites), alcoolismo, obesidade, síndrome metabólica (combinação de acúmulo de gordura visceral, resistência insulínica, hipertensão arterial, alterações nos níveis de colesterol e triglicérides), além de uma doença genética chamada hemocromatose, que tem uma prevalência de 1 a cada 200 a 500 adultos nos EUA e se caracteriza por uma facilidade em acumular ferro no organismo cerca de 2 a 3 vezes mais.
Para evidenciar que a elevação da ferritina se dá por uma sobrecarga de ferro, são necessários outros exames como a saturação de transferrina e ressonância magnética abdome tipo FerriScan. O aumento da ferritina devido sobrecarga de ferro perfaz cerca de 10% do total de casos, 90% são devidos a processos inflamatórios no organismo.
Uma vez evidenciado a sobrecarga de ferro, são indicados sangrias terapêuticas e dieta com alimentos mais pobres na oferta de ferro e que diminuam a sua absorção. Na ausência de sobrecarga de ferro, deve-se atentar para as condições inflamatórias crônicas ou agudas, sendo que neste caso a ferritina elevada indica que algo não está bem no organismo (um sinal de alerta).
Três condições lideram cada vez mais os motivos de níveis elevados de ferritina: diabetes, pré-diabetes e esteatose hepática. Estudos recentes associam a ferritina alta com risco aumentado para desenvolver diabetes, assim como ao consumo elevado de frutose, xarope de milho e gorduras saturadas.
Em resumo, na vigência de um nível elevado de ferritina no seu exame de rotina, é necessário avaliar a ocorrência de sobrecarga de ferro; esta não confirmada investiga-se processos inflamatórios agudos (gripes, resfriados, hepatites, artrites, etc.) e crônicos (obesidade, diabetes, síndrome metabólica, etc.), entre outras condições.
Um achado deste, em suma, é uma excelente oportunidade para aproximação com o médico e para revisar diversos detalhes que podem estar passando despercebidos e que logo mais causarão sérios problemas.
Matéria por
Patricia Salomão
Clínica Geral CRM/MS 4920 | Campo Grande