A Gota é uma das mais de cem diferentes doenças reumatológicas.
É uma das enfermidades mais antigas e conhecidas. Os primeiros casos do que atualmente chamamos de Gota foram descritos há mais de 2500 anos pelos egípcios.
Nomes famosos da história sofreram desta doença, como Alexandre O Grande, Leonardo da Vinci, Galileu Galilei, Isac Newton, Benjamin Franklin, Napoleão Bonaparte e Charles Darwin entre outras personalidades.
Apesar de uma enfermidade antiga, a Gota tem sido esquecida por médicos e pacientes que não dão muito importância a ela.
Atualmente existem meios de diagnósticos e opções de tratamento eficazes.
Definição e Fatores de Risco:
A Gota é uma doença causada pelo excesso de ácido úrico no organismo. Os níveis elevados de ácido úrico podem levar à formação e precipitação de cristais de ácido úrico nas juntas (articulações), em tecidos próximos a eles, na pele e nos rins.
A crise aguda de Gota, se caracteriza por dor intensa, com inchaço, calor e vermelhidão nas juntas acometidas.
Os depósitos de ácido úrico podem levar à formação de tumorações (chamadas Tofos ), que ocorrem abaixo da pele.
O aparecimento de cálculos renais também é muito frequente, podendo a longo prazo levar a consequências graves para o lado de função renal.
A Gota pode se tornar crônica causando deformidades e limitação das articulações, comprometendo a qualidade de vida dos pacientes.
Os homens são mais afetados do que as mulheres, com o início dos sintomas por volta dos 30 ou 40 anos.
As mulheres também podem ter a doença, principalmente após a menopausa.
A Gota vai tormando-se mais comum a realidade, à medida que a idade vem.
Fatores de Risco:
1. Ácido úrico elevado é o principal fator.
2. O fator genético (hereditariedade)
3. Dieta rica em alimentos proteicos
4. Medicamentos como os diuréticos (Furosemida e Hidroclorotiazida) e Ácido Acetilsalicílico em doses baixos, que devem ser prescritos sua supervisão médica.
Fatores Desencadeantes de Uma Crise de Gota
Quem tem Gota há muito tempo tem muita noção dos agentes desencadeantes das crises agudas.
São eles:
1. Consumo abusivo de alimentos ricos em ácido úrico (como carnes vermelhas, miúdos, frutos do mar) ou alimentos gordurosos;
2. Ingestão de bebidas alcoólicas, em especial a cerveja;
3. Traumatismo das articulações;
4. Pós-operatórios;
5. Medicamentos para baixar os níveis e ácido úrico sem os devidos cuidados, que devem ser evitados durante a crise.
Diagnóstico:
O diagnóstico é baseado na clínica e em exames laboratoriais.
Clinicamente, observamos inflamação nas juntas, preferencialmente os pés, com início agudo da dor, que em 24 horas alcança sua intensidade máxima, vindo acompanhada de inchaço calor e vermelhidão no local.
Causa muito incômodo e até o toque do lençol sobre a pele da região afetada é sensível.
Em geral, a crise dura de 7 a 10 dias.
A recorrência de novas crises é comum, principalmente se o caso não for bem conduzido por um profissional habilitado.
Com o decorrer do tempo as crises são mais constantes e se o tratamento não for adequado podemos ter cronificação da doença.
Exames complementares podem ajudar o médico a confirmar o diagnóstico.
São eles:
• Exame de sangue, mostrando elevação do ácido úrico;
• Radiografias das juntas afetadas;
• Ultrassonografia.
Doenças Concomitantes
Hipertensão Arterial, aumento do colesterol e Triglicérides, Diabetes e Nefropatia crônica são enfermidades que podem acompanhar os pacientes de Gota.
Tratamento:
Temos o tratamento de crise aguda, que é feito com antinflamatórios não hormonais e, às vezes, tem que se lançar mão dos corticoides.
A Colchicina, uma droga milenar é fundamental no controle de crise.
Passando a crise, vem o mais importante, que é o tratamento do distúrbio metabólico que gera excesso de ácido úrico.
Utilizamos o Alopurinol quando há excesso de produção do ácido úrico e Benzobromarona quando os rins excretam pouco ácido úrico.
Durante a crise, não utilizamos Alopurinol e nem Benzobromarona.
Algumas outras drogas estão sendo testada e em alguns países já se usam as chamadas drogas Biológicas.
É fundamental o monitoramento periódico pelo médico e o acerto das dosagens, com rigoroso controle das funções hepática e renal.
Matéria por
CARLOS EDUARDO CURY
Reumatologia CRM/SP 158.889 | RQE 6402 | Bauru