O Transtorno do Espectro Autista - TEA é uma condição geral para um grupo de desordens complexas do desenvolvimento do cérebro, antes, durante ou após o nascimento. Esses distúrbios se caracterizam por déficits persistentes na comunicação e na interação social em múltiplos contextos, marcado ainda por comportamentos repetitivos e interesses restritos. Embora essas características são comuns em todos os portadores do TEA, a intensidade e o conjunto de sintomas podem se manifestar de maneiras diferentes ao longo do desenvolvimento, tornando muitas vezes difícil o diagnóstico.
Como exemplo, podem ser verificados desvios do contato visual e de expressão emocional já na amamentação, com pouca ou nenhuma resposta a pedidos e reação a sons; ter um comportamento e desenvolvimento de linguagem aparentemente normal no primeiro ano de vida, e em seguida uma regressão da fala e da interação social; ou alguém ser considerado muito inteligente, mas com um interesse obsessivo por alguns temas e objetos, presença de tiques motores e vocais, formas de se expressar de maneira muito lógica e formal.
O diagnóstico do TEA é clínico, feito a partir da observação direta do comportamento da criança e de entrevistas com os responsáveis. Os sintomas costumam estar presentes antes dos 3 anos de idade, sendo possível fazer um diagnóstico mais preciso já por volta dos 18 meses de idade.
As causas do TEA ainda são desconhecidas, mas de acordo com a Associação Médica Americana, as chances de uma criança desenvolver autismo por herança genética são de 50%, sendo que a outra metade dos casos pode corresponder a fatores ambientais que promovam alterações no desenvolvimento do feto, como: estresse, quadro infecciosos, exposição a substâncias químicas e tóxicas, complicações durante a gravidez, desequilíbrios metabólicos, medicações que podem ser ministradas antes e após o nascimento. A associação entre a idade dos pais e o risco de autismo também já é conhecida pela ciência. Em 2015 o periódico Científico Molecular Psychiatry publicou um estudo extenso demonstrando que quanto mais velhos os pais (tanto o homem quanto a mulher), maior o risco dos filhos serem autistas ou terem algum transtorno associado a esse distúrbio.
O tratamento do TEA ainda é um desafio na prática, já que o recomendado é uma equipe multidisciplinar que avalie e desenvolva um programa de intervenção orientado as singularidades de cada portador do transtorno. Os profissionais envolvidos em geral são pediatras, psiquiatras, neurologistas, psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas e psicopedagogos. O objetivo é planejar após o diagnóstico, ou durante esse processo, intervenções psicoeducacionais, orientação familiar, desenvolvimento da linguagem e/ ou comunicação, promover treino de habilidades sociais e assertividade nas interações diárias, controle de humor. Vale lembrar que até o momento não existe uma medicação específica para o tratamento do TEA, mas sim para sintomas alvo.
A avaliação neuropsicológica também vem sendo cada vez mais utilizada na constatação ou não da suspeita de TEA, já que pode estabelecer um perfil das habilidades cognitivas e emocionais do indivíduo, quantificar traços e ajudar a aferir a intensidade dos sintomas, entender competências sociais e comportamentais. O intuito é planejar uma estratégia de intervenção, fazer sugestões a unidade de ensino e aos profissionais envolvidos, buscando uma melhora na qualidade de vida aos portadores de TEA e de seus familiares.
Matéria por
Gustavo Alfredo Lopes de Lima
Psicólogo CRP: 12/06964 | Florianópolis