Vírus mundial, caos econômico, isolamento social. O que antes era comum em filmes de ficção agora é realidade. Ocorre que antes mesmo do COVID-19 chegar ao nosso cotidiano, o vírus do medo já havia contaminado a nossa mente.
E não é para menos, a overdose de informações a que fomos expostos nos fez cair numa profunda insegurança: Vou ter que correr para o mercado? E se eu me contaminar? Se eu perder um familiar ou amigo? Vai ter UTI para quem precisar? Vou perder meu trabalho? Como vou me manter? Vou ter que demitir meu funcionário? Vou ter que fechar meu negócio? Como vou fazer com os filhos em casa? A culpa é de quem? Vai ter vacina? Quando esse isolamento vai terminar? Será que o pior ainda está por vir?
Diante disso, manter a calma é uma dificuldade, e os níveis prolongados de estresse fragilizam a nossa saúde mental. A química do nosso cérebro começa a colapsar, levando a altos níveis de ansiedade, pânico, depressão e angústia. A imunidade baixa e as somatizações também ocorrem, como falta de ar, tensão, dores de cabeça, insônia.
O ser humano tem dificuldade em lidar com incertezas e dúvidas, e a falta de controle nos apavora, mas esse vírus mudou a rotina do mundo bruscamente, e os desafios individuais e coletivos agora são enormes.
Para tentar recuperar o equilíbrio emocional, pratique a paciência consigo e com os outros, respire, busque aceitar o momento e entenda que também temos uma incrível habilidade de adaptação e superação.
Busque também fazer uma higiene mental, começando pelo entendimento de que podemos ter controle sobre algumas coisas, e sobre outras não teremos controle algum.
Coisas que podemos ter controle:
• Limitar e triar a qualidade das notícias consumidas;
• Refletir sobre seus pensamentos;
• Emoções e atitudes;
• Aprender novas habilidades;
• Cuidar de sua higiene;
• Evitar sair de casa sem necessidade;
• Se exercitar;
• Trocar experiências na busca de soluções.
Coisas que não podemos ter controle:
• Cura do vírus;
• Atitudes das outras pessoas;
• Fim da pandemia;
• Economia mundial;
• Cenário político;
• Incertezas.
Abra mão do que você não consegue controlar, planeje suas atividades, viva o presente, valorize o que de fato é importante. Tenha empatia, cada um vai agir de uma maneira diferente agora. Acolha suas emoções, se permita ter momentos de raiva, tristeza, é normal nessa situação e não tem nada a ver com culpa ou fraqueza. Perceba que temos nossas fragilidades, e processos de mudança muitas vezes são dolorosos, mas você vai sair fortalecido.
Entenda, esse momento trouxe à tona nossas maiores habilidades e dificuldades, e devemos atribuir um significado a tudo isso que estamos vivendo, talvez depois que tudo isso passar, você perceba que estava em outro tipo de quarentena. É tempo de repensar nossas necessidades, melhorar nossas relações e respeitar o planeta.
Matéria por
Gustavo Alfredo Lopes de Lima
Psicólogo CRP: 12/06964 | Florianópolis