Fraturas por Estress no Antepé
Queixa frequente no consultório do ortopedista, a dor e o inchaço sobre o pé após atividades esportivas,
caminhadas, uso excessivo de salto alto ou até mesmo depois de algumas horas de dança, podem estar
relacionadas a fraturas de fadiga ou “estresse” dos ossos do antepé, chamados metatarsos.
A fratura de estresse é descrita como
uma fratura espontânea que é o resultado da
soma dos estresses que individualmente são
inofensivos, mas que quando acumulados levam
à falha (fratura) do osso. Também chamadas Fraturas da Marcha,
as fraturas de estresse dos metatarsos são
frequentes em militares submetidos a treinos
de marcha prolongada. Apresentam maior
incidência sobre o segundo (52%) e o terceiro
(35%) metatarsos. Os fatores que contribuem para o desenvolvimento
destas fraturas em indivíduos
saudáveis podem estar relacionados ao alinhamento
biomecânico dos pés e ao uso de
calçados inadequados. Indivíduos com pés
planos e/ou encurtamento do primeiro metatarso
(pessoas que apresentam o segundo
dedo do pé mais longo) que têm o hábito de
caminhar descalço ou com calçado de solado
muito flexível, como sapatilhas, chinelos e
sandálias “rasteirinhas”, estão mais sujeitos à
lesão. Tais condições fazem com que os metatarsos
sejam submetidos à tensão excessiva,
levando à fratura.
Distúrbios endócrinos e metabólicos estão
relacionados como fatores de risco para
essas fraturas. O uso de corticoides, osteoporose,
menopausa ou amenorréia, artrite
reumatoide, entre outros, contribuem com a
fragilidade óssea. O diagnóstico das fraturas de estresse nem
sempre é fácil na primeira consulta. O paciente
refere-se o quadro de dor e edema no dorso do
pé sem relação com qualquer evento traumático. O RX simples é normal nos primeiros dias,
podendo mostrar o surgimento de um pequeno
calo ósseo somente após a terceira semana
da lesão.
Cabe ao médico, após o exame físico
adequado, investigar as atividades diárias
(laborativas, de laser e esportivas) do paciente,
bem como os calçados utilizados por ele,
para chegar ao diagnóstico clínico de fratura
de estresse. Os exames de imagem utilizados
para a confirmação da presença de fratura,
quando a radiografia simples está normal, são
a Cintilografia Óssea e a Ressonância Nuclear
Magnética.
Após a confirmação diagnóstica, deve-se
iniciar o tratamento adequado. A restrição às
atividades é determinante para obtenção da cicatrização
da fratura. A imobilização, através de
botas gessadas ou órteses removíveis, pode ser
necessária dependendo da duração e intensidade
dos sintomas dolorosos. Fraturas graves
de estresse podem necessitar de cirurgia para
fixação e restauração da anatomia do osso.
O aspecto mais importante do tratamento
é obter e corrigir os fatores que contribuíram
para a instalação da lesão, como técnicas de
treinamento, tipos de calçados ou desalinhamentos
dos pés. Exercícios de alongamento
e fortalecimento muscular são importantes
para o processo de reabilitação e prevenção
de novas lesões. O paciente pode ser orientado a trocar as
atividades físicas aeróbicas de impacto, como
corridas e caminhadas, por natação ou ciclismo.
O uso de calçados de solado consistente
e palmilhas apropriadas melhoram a distribuição
da carga plantar e permitem uma marcha
mais confortável.
O retorno progressivo às atividades é permitido
quando a cicatrização radiográfica é
observada e o processo inflamatório está totalmente
resolvido.
Matérias Publicadas
Matéria por
Orides Rinaldi Merino
Ortopedia e Traumatologia CRM/PR: 15834 | RQE 7395 | Maringá