Quando o mosquito pica uma pessoa infectada, o vírus se instala e se multiplica em suas glândulas salivares e intestino. A partir de então, o inseto permanece infectado pelo resto da vida (vive ao redor de 30 dias). Além disso o mosquito fêmea transmite o vírus para os ovos e seus filhos já nascem infectados e quando atingem a idade adulta, já são capazes de transmitir a doença.
A dengue é uma doença infecciosa causada por um vírus transmitido de uma pessoa à outra através de um mosquito, o Aedes aegypti. Aedes aegypti é um mosquito peridoméstico, que se multiplica em depósitos de água parada, acumulada nos quintais e dentro das casas. Apesar da vida curta ele é voraz: pode picar uma pessoa a cada 20 ou 30 minutos.
Somado a isso, os ovos do mosquito podem sobreviver um ano em ambiente seco, enquanto esperam a estação seguinte de chuvas para formar novas larvas.
A grande maioria das infecções são assintomáticas, isto é, não apresenta sintomas. Quando surgem, os sintomas costumam evoluir em obediência a três formas clínicas: dengue clássica, forma benigna, similar à gripe; dengue hemorrágica, mais grave, caracterizada por alterações da coagulação sanguínea; e a chamada síndrome do choque associado à dengue, que pode levar à morte se não houver atendimento especializado.
O período de incubação (da picada ao aparecimento dos sintomas) geralmente dura de 2 a 7 dias, mas pode chegar a 15 dias. A intensidade dos sintomas geralmente é mais leve nas crianças do que nos adultos. A doença é de instalação abrupta, indistinguível dos quadros gripais: febre intermitente de intensidade variável (que pode chegar a 39°C e provocar calafrios), cefaleia, dores na região atrás dos olhos, nas costas, pernas e articulações. Muitos pacientes se queixam de dor ao movimentar os olhos, cansaço extremo e fraqueza muscular generalizada. Eritema (vermelhidão da pele) pode surgir no primeiro ou segundo dia: a vermelhidão se instala no tronco e se espalha para os membros, poupando palmas das mãos e planta dos pés. Bradicardia (diminuição da frequência dos batimentos do coração) é encontrada em 30% a 90% dos casos.
A doença pode deixar um rastro de fadiga e depressão que permanece por várias semanas.
A multiplicação do vírus sobre o tecido provoca inflamação dos vasos, e o sangue passa circular mais lentamente. Com a circulação mais lenta, é comum que os líquidos do sangue extravasem, com isso o sangue torna-se mais espesso, a pressão cai, podendo levar ao choque.
O sangue espesso pode coagular dentro dos vasos, provocando trombos. Além disso, a circulação lenta prejudica a oxigenação e a nutrição ideal dos órgãos. Com o tempo, se não houver tratamento específico, pode haver um choque circulatório, o sangue deixa de circular, os órgãos ficam prejudicados e podem parar de funcionar, levando à morte.
Além disso, o vírus se multiplica também na medula óssea, fazendo com que as células que são produzidas nesse local, diminuam sua multiplicação, principalmente as plaquetas, que são responsáveis pela coagulação do sangue. Pequenos vasos podem sangrar na pele e nos órgãos internos, surgindo hemorragias nasais, gengivais, urinárias, gastrointestinais ou uterinas.
A fisiopatologia da dengue hemorrágica é mal conhecida. Uma das teorias parte do princípio de que ela esteja associada à infecção por cepas (linhagens) mais agressivas do vírus. A segunda pressupõe que já tenha havido uma primeira infecção inaparente pelo vírus, seguida de outra que provocaria reações imunológicas capazes de interferir com elementos essenciais do mecanismo de coagulação.
O diagnóstico de certeza da dengue é laboratorial. Pode ser obtido por isolamento direto do vírus no sangue nos 3 a 5 dias iniciais da doença (fase de viremia) ou por exames de sangue para detectar anticorpos contra o vírus (testes sorológicos). Não existem medicamentos antivirais para combater a dengue. O tratamento é apenas sintomático. Tomar muito líquido, para evitar desidratação, e utilizar antipiréticos e analgésicos, para aliviar os sintomas, são as medidas de rotina. Por interferir com a coagulação, medicamentos que contenham ácido acetilsalicílico estão formalmente contraindicados. Medicamentos à base de dipirona e paracetamol constituem boa opção para baixar a temperatura.
A dengue pode matar, por isso,na supeita da doença é fundamental procurar assistência médica.
Matéria por
Deborah Kantor De Freitas Francisco
Infectologia CRM/PR: 17508 | RQE: 2436 | Umuarama