A prática da sexualidade para alguns indivíduos é tão vital para a saúde quanto comer, dormir e fazer exercícios. Mas existem inúmeros fatores que podem influenciar no comportamento sexual, incluindo os transtornos mentais.
A redução da autoestima, dificuldades de relacionamento, redução do interesse, cansaço, irritabilidade, são alguns sintomas que costumam estarem presentes em diversos transtornos mentais e podem causar redução da frequência e da qualidade das relações sexuais.
Grande parte dos pacientes com transtornos mentais têm dificuldades sexuais em consequência da própria doença ou dos medicamentos utilizados para tratá-las, o que pode levar a problemas no relacionamento com o parceiro e uso de substâncias sem prescrição médica. Estas consequências podem provocar um desfecho ainda mais arriscado, que é o abandono do tratamento psiquiátrico.
Entretanto, a interrupção do tratamento medicamentoso sem orientação médica, na maioria dos casos, pode levar a piora dos sintomas, prejuízo social, redução do rendimento e da qualidade de vida.
O acompanhamento médico e psicológico permite ampliar o entendimento das possíveis causas e fornece qualidade de vida ao paciente, muitas vezes a fisioterapia também se faz necessária.
É importante saber se a disfunção foi adquirida ao longo da vida ou se ocorre desde o início, se acontece em todas as relações sexuais ou em algumas. Questões culturais, religiosas, estresses, histórico de abuso sexual e de álcool e drogas assim como a idade são fatores de risco. A avaliação de outras especialidades médicas é indispensável em muitos casos para identificar se existem alterações hormonais e também excluir causas clínicas passíveis de intervenções específicas.
Transtornos depressivos, de ansiedade, de estresse pós-traumático, psicose, transtorno afetivo bipolar podem também influenciar no desejo sexual. Em alguns casos pode ser considerado o ajuste dos remédios que o paciente está usando ou a introdução de novas medicações que ajudem a atenuar os sintomas tanto da doença de base como das dificuldades sexuais.
A saúde sexual envolve não somente a ausência de doença, mas também a capacidade de se envolver em relações sexuais consensuais, seguras, respeitosas e prazerosas. Tocar no assunto é o primeiro passo para o alívio do desconforto. Quebrar a barreira da vergonha e discutir o tema com os profissionais envolvidos no tratamento permitem a individualização da terapêutica e a melhora da qualidade de vida.
Ejaculação precoce ou retardada, transtorno do orgasmo feminino, transtorno da dor gênito-pélvica, disfunção induzida por substâncias são algumas disfunções existentes. A função sexual envolve interação biológica, psicológica e sociocultural e todo o contexto da vida do indivíduo deve ser avaliada para que assim possamos traçar a melhor forma de ajuda-lo.
Matéria por
Milliane E. Rossafa
Psiquiatria CRM/SC 21585 - RQE 13984 | Criciúma