OXIGÊNOTERAPIA HIPERBÁRICA No tratamento do Pé Diabético
PATOLOGIAS APROVADAS PELO CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA PARA TRATAMENTO COM OXIGÊNIO HIPERBÁRICO:
• Gangrena Gasosa
• Infecções necrotizantes de tecidos moles
• Doença de Crohn
• Isquemia Periférica Aguda com complicações
• Lesões de tecidos moles com regeneração refratária
• Osteomielites
• Intoxicação por Monóxido de Carbono ou Cianeto e seus derivados
• Enxertos ou retalhos comprometidos ou de alto risco
• Necrose por radiação
• Micoses refratárias
• Embolia traumática pelo ar
• Doença descompressiva
• Anemia pós-hemorragias
• Queimaduras
A Oxigenoterapia Hiperbárica (OHB) é uma modalidade de tratamento usada, há aproximadamente 40 anos, em ferimentos crônicos e pode ser definida como uma administração inalatória intermitente de oxigênio a 100% sob uma pressão maior que a pressão atmosférica, com o objetivo de aumentar o aporte de oxigênio em tecidos onde há hipóxia e diminuição da vascularização. Durante a sessão de oxigenoterapia hiperbárica, o paciente entra na Câmara Hiperbárica, cuja modalidade terapêutica pode ser individual (monoplace / monopaciente), na qual é dispensado o uso de máscara ou capuz para inalação do oxigênio, bem como coletiva (multiplace/ multipacientes), na qual há a necessidade de utilização de máscara de oxigênio, capuz ou até mesmo tubo endotraqueal para inalação do oxigênio.
No interior da câmara, a pressão atmosférica atinge o valor de 2,4 a 2,8 ATM, o qual equivale à uma profundidade de 14 a 18 metros de água. Os pacientes podem realizar sessões diariamente, cada uma com duração que varia de 90 a 120 minutos. A regulamentação do uso da OHB, no Brasil, foi publicada em Diário Oficial no dia 19 de outubro de 1995 quando o Conselho Federal de Medicina (CFM) a considerou como procedimento terapêutico, de acordo com a Resolução CFM nº 1.457/95, regulamentando inclusive seu uso no tratamento de lesões em pés de indivíduos acometidos pelo diabetes.
Atualmente, o Diabetes Mellitus (DM) é um dos mais importantes problemas de saúde pública mundial por ser uma doença com alta taxa de morbidade e mortalidade. O Pé Diabético tem como principais fatores de risco a neuropatia periférica e a limitação da mobilidade das articulações; pode reunir características clínicas variadas, como alterações da sensibilidade dos pés, presença de feridas complexas, deformidades, alterações da marcha, infecções e amputações, entre outras. A enfermidade mais frequente é a úlcera do pé diabético, um tipo de ferimento crônico associado a alterações vasculares e/ou neurológicas que podem levar à isquemia local, sendo a causa mais comum de amputações não traumáticas.
Protocolos terapêuticos desenvolvidos por meio de revisão sistemática da literatura (15) ressaltam a redução do índice de amputação em pacientes com úlceras de pé diabético em uso de OHB devido ao aumento de oxigênio no leito da ferida promovendo a cicatrização.
Houve evidências positivas em relação ao efeito benéfico da OHB em úlcera crônica de difícil cicatrização no pé diabético (14). Em dois estudos experimentais contendo 100 participantes, observaram-se reduções significativas (p<0,05) em números de grandes amputações, pequenas amputações, bem como redução do número de culturas positivas no leito da ferida. Em quatro estudos clínicos não randomizados, com n=233 ao todo, sendo 136 pertencentes ao GE, ou seja, submetidos à OHB, foram avaliados proporção de amputações, cura e recuperação, sendo que em todos os estudos os resultados sugeriram eficácia superior da OHB (p<0,05). Estudos de séries de casos, envolvendo 79 sujeitos consideraram a cura por completo da ferida em 84,8% da amostra (14). A redução de grandes amputações bem como maior controle de infecções locais foi reiterada em outros estudos com delineamentos descritivos (20).
Dados oriundos de um relatório técnico científico australiano (Technology Assessment – TA) acerca de tratamento para úlceras diabéticas de difícil cicatrização, sugeriram significativa redução no risco de grandes amputações em membros inferiores de pacientes diabéticos submetidos a esse terapia (RR= 0,31, IC= 95%).
Além disso, foram avaliados dois estudos clínicos randomizados, sendo que um deles demonstrou a cura de úlcera de pé diabético não isquêmica.
Prevenção e cuidados.
O exame diário dos pés e a proteção de dedos e tornozelos são maneiras mais fáceis de evitar o aparecimento de lesões. É necessário secar bem os pés, cortar as unhas periodicamente e com cuidado para não causar feridas, evitar a aproximação de calor perto do local (bolsas de água quente e fogo), examinar diariamente os sapatos e ir a consultas periódicas com seu médico.
Manter os níveis da glicemia controlados é a maneira mais eficaz de evitar a complicação.
O fumo e o álcool também são fatores agravantes para pacientes portadores de diabetes, pois colaboram para o agravamento de problemas neurovasculares.
A educação, a informação e a intervenção precoce, sem dúvida nenhuma, são consideradas os pontos-chaves para uma mudança favorável de prevenção e conscientização deste sério e complexo problema.
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Matéria por
Thiago De Abreu
Medicina Hiperbárica CRM 5036 | Sinop