A Bursite de Ombro

O ombro é formado por três ossos, a escápula, o úmero e a clavícula. O úmero se articula com a escápula na glenóide e é ali através da ação de músculos onde ocorre a principal movimentação do ombro. Essa movimentação é possível pela ação de vários músculos, sendo os principais o deltóide e o manguito rotador, esse composto por quatro músculos: o subescapular, o supraespinhal, o infraespinhal e o redondo menor. A bursa do ombro fica sob a ponta da espinha da escápula, chamada acrômio, e o manguito rotador justamente para evitar o atrito entre essas estruturas, permitindo que a cabeça do úmero passe sem problemas e sem atrito sob ele quando elevamos o braço.

Contudo, podem acontecer alguns problemas que causam irritação e inflamação desta bursa desencadeando a famosa bursite do ombro. Normalmente acontece o atrito da cabeça do úmero no acrômio pela diminuição do espaço entre ela e o acrômio que pode ter uma forma mais curvada para baixo que o habitual (tipo ganchoso), assim como pelo surgimento de uma ponta óssea semelhante a um esporão que aperta o tendão irritando a bursa, ou pela artrose da articulação acromioclavicular que também cria uma ponta óssea abaixo dela, ou por um ligamento coracoacromial que insere na ponta do acrômio mais espesso. Esse problema é conhecido como a síndrome do impacto subacromial (figura 1).

A bursite do ombro costuma causar dores leves no início do problema, que incomodam quando a pessoa vai fazer esforços ou levantar o braço acima do nível dos ombros, assim como pela noite. Com a progressão do problema as dores ficam mais intensas.

O tratamento costuma ser conservador através de fisioterapia, anti-inflamatórios e cuidados, sendo muito rara a necessidade de tratamento cirúrgico para esse problema. Essa indicação cirúrgica se faz necessária nos casos onde o tratamento conservador falha e o risco do tendão do músculo supraespinhal romper é alto, desencadeando a rotura do manguito rotador onde as manifestações dolorosas no ombro e braço tornam-se muito mais fortes, atrapalhando inclusive para dormir. A cirurgia hoje em dia é feita por via artroscópica (por vídeo) onde apenas são realizados pequenos cortes (figura 2). A infiltração é um bom tratamento antes da indicação da cirurgia, contudo não pode ser realizada em todos os pacientes, sendo necessário muito critério por parte do médico para sua indicação.

Os principais problemas que se assemelham à bursite são as tendinites do manguito rotador, tanto a da síndrome do impacto quanto a calcárea (depósito de cálcio dentro do tendão que causa dor quando começa a ser reabsorvido) quanto pós-traumática, a rotura do manguito rotador como já citado, a artrose (desgaste da articulação tanto da acromioclavicular quanto do ombro propriamente dito), entre outros.

A melhor maneira da pessoa evitar a bursite é pelo fortalecimento e alongamento rotineiro do ombro, além da prática esportiva que é fundamental, como sempre...