Há um tempo atrás, precisamente 1 mês, tive o prazer de atender um paciente portador do vírus HIV e extremamente culto. Foi uma consulta muito divertida, conversamos sobre a área em que o paciente lecionava aulas e ficamos alguns minutos tomando café e só lá por tantas o mesmo me relatou qual era o seu problema.
Após examiná-lo, constatei que o mesmo possuía uma dor na região do ombro que “refletia para o braço”, o examinei novamente e achei a necessidade de solicitar um exame para confirmar minha hipótese. Uma semana depois o ilustre professor retorna com o resultado do exame, tratava-se de uma tendinite leve no ombro, conversamos e o encaminhei para uma fisioterapia intensiva, normal como todo atendimento meu deveria ser.
Já no mês subsequente ele retorna com outra queixa, dessa vez, na coluna, fiz todo ritual, e, além de tudo conversamos, apresentou seus parentes e acabo me tornando um membro da família. Em sua última consulta ele me olha junto com seu cônjuge, me abraça e me parabeniza: “Dr. André, fomos em 4 médicos antes do senhor, e ninguém sequer tocou em mim, fiz tomografia de coluna e o médico grosseiro bateu na mesa e disse apenas: você tem ARTROSE, parabéns pela sua humanização e vontade de falar conosco”. Aquilo me tocou profundamente e ao mesmo tempo ligou uma chave mental em mim: A HUMANIZAÇÃO.
Parece-me que nós que trabalhamos com câncer todos os dias, aprendemos as duras penas que é necessário empatia e senso de investigação, perdidos com a evolução tecnológica da medicina.
Olhar, sentir, acreditar, investigar, e, acima de tudo, ser da maior confiança para o paciente é uma obrigação do médico e de todo profissional de saúde. É isso que o paciente sente desde o momento de marcar uma consulta, fazer a consulta e pós consulta, eu e minha equipe tentamos dar muita atenção e proporcionar uma nova experiência ao paciente em seu momento mais fragilizado.
Matéria por
André Luís L. G. de Siqueira
Ortopedia e Traumatologia CRM/PB 6207 | RQE 3909 | João Pessoa