A hiperidrose axilar é o excesso de sudorese nas axilas, causado por uma hiperatividade das glândulas sudoríparas desta região. Surge independente de exercícios físicos ou de altas temperaturas e não há exames específicos para determinar quem é portador desta disfunção.
A HIPERIDROSE é um problema relativamente comum, que afeta até 1% da população mundial, mais comum entre adultos jovens, principalmente nos homens. Mas pode acometer mulheres e crianças, quando pode significar um sinal de puberdade precoce. Costuma perdurar durante toda a vida adulta e regredir na velhice, quando ocorre uma diminuição natural da produção do suor. Em até 60% das pessoas que sofrem com hiperidrose tem outros membros da família com o mesmo problema. Esse suor em excesso que faz a pessoa ficar “molhada, encharcada”, de maneira generalizada (em todo o corpo) ou apenas localizada, nas mãos, pés e axilas.
Apesar de ser mais exagerada no calor pode ocorrer independente da temperatura local, surgindo em situações de estresse, ansiedade, nervosismo, obesidade, e alterações hormonais. Algumas doenças como diabetes, gota, tuberculose, linfomas e distúrbios da tireoide podem provocar hiperidrose. Dentre os fatores agravantes estão alguns alimentos como cebola, alho, pimenta, curry, cafeína e bebidas alcoólicas, e também alguns medicamentos que podem ter como efeito adverso o excesso de transpiração.
O quadro é caracterizado por sudorese fácil e abundante nas axilas acarretando embaraço social, constrangimento e desconforto, deterioração de camisas, e por vezes mau odor. O cheiro desagradável associado à transpiração excessiva chama-se bromidrose, e surgimento de manchas coloridas nas roupas claras (amarelo-esverdeado a azulado) denomina-se cromidrose, e ambos decorrem da decomposição do suor por bactérias e fungos que habitam a superfície da nossa pele.
Tratamento
Os antitranspirantes são considerados a primeira linha de tratamento para hiperidrose. Os sais metálicos como cloreto de alumínio hexaidratado são os mais efetivos. Eles agem bloqueando os ductos da glândula sudoríparas reduzindo a quantidade de suor que chega a pele, e devem ser usados sobre a pele limpa, pelo menos duas vezes ao dia. Esses agentes vão além de simples desodorantes, compostos de álcool e perfume, que agem apenas reduzindo odores. Os antitranspirantes indicados para hiperidrose além de secativos, são antissépticos e bactericidas , são portanto medicamentos e devem ser usados sobre orientação médica. Para auxiliar no tratamento recomenda-se não permanecer por muito tempo com a mesma roupa e dar preferência para tecidos de algodão puro, evitando os sintéticos.
Não existem medicamentos orais específicos para o tratamento da hiperidrose. Podem ser utilizados betabloqueadores ou anticolinérgicos, como o cloridrato de oxibutinina ou tartarato de tolterodina, em doses ajustadas para cada pessoa. Eles agem reduzindo a atividade do sistema nervoso simpático e diminuindo a sudorese, mas podem trazer efeitos adversos como boca seca, retenção urinária, constipação e não podem ser utilizados por quem tem glaucoma. Os antidepressivos podem ser opções de tratamento para indivíduos cuja transpiração excessiva esteja associada a estados de ansiedade extrema, e nestes casos a psicoterapia pode ajudar.
A iontoforese é um tratamento domiciliar que utiliza um pequeno aparelho que emprega a água da torneira, por onde passa uma pequena corrente elétrica pela superfície da pele, que pode ser adaptado para a axila. Acredita-se que isso produza um tamponamento dos ductos sudoríparos. Não pode ser utilizado em mulheres grávidas, portadores de marca-passo ou próteses metálicas, epilepsia ou problemas cardíacos.
A toxina botulínica ( Botox ®) tem se mostrado uma ótima opção de tratamento, segura e efetiva para os casos de hiperidrose axilar. A aplicação cutânea é feita no consultório com utilização de creme anestésico prévio, quase sem dor, e sem necessidade de afastar-se das atividades cotidianas, com duração média de 6 a 9 meses, quando pode ser novamente reaplicado, quantas vezes forem necessárias. O que se observa é que as pessoas que fazem aplicações subsequentes de toxina para hiperidrose axilar, apresentam maior duração do efeito, com intervalos maiores entre as sessões e menor quantidade de suor. A taxa de redução do suor é de 99,4% no primeiro mês.
Para casos graves e refratários ao tratamento clínico, pode ser feito cirurgia de ressecção das glândulas sudoríparas axilares, por retirada da pele ou apenas a curetagem (raspagem) dessas glândulas. Outra opção é a simpatectomia aberta ou via endoscópica, realizada por cirurgião torácico que consiste em cortar, cauterizar ou clipar ramos nervosos torácicos, interrompendo o estímulo causador do suor. Este é um procedimento hospitalar com anestesia geral, e cuja complicação mais comum é a possibilidade de hiperidrose compensatória (aumento da sudorese em outras partes do corpo) principalmente no tórax e abdome.
Enfim, suar é normal e necessário para o controle da temperatura corporal, mas o suor em excesso ninguém gosta, e pode ser motivo de vergonha para o paciente. Existem várias opções de tratamento, tanto para formas mais leves como para as mais severas. O dermatologista membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) é o especialista preparado para reconhecer e tratar os vários tipos de hiperidrose.
Matéria por
Eduardo Vinicius Mendes Roncada
Dermatologia CRM/SP 131.885 | RQE 34208 | Presidente Prudente