A catarata é a opacificação da lente natural do olho (o cristalino), que deve ser transparente para que os raios de luz a atravessem, permitindo a formação da imagem na retina.
Quais são os sintomas?
O principal sintoma é a perda de nitidez da imagem. Isso ocorre porque os raios luminosos não conseguem atingir plenamente a retina onde se situam os receptores fotossensíveis. No início, a pessoa vê como se as lentes dos óculos estivessem embaçadas ou como se houvesse uma névoa diante dos olhos. As cores parecem desbotadas e sem vida. Com a progressão da doença, a pessoa pode passar a enxergar apenas vultos, evoluindo, às vezes, até a cegueira. Outros sintomas que podem ocorrer são visão dupla, sensibilidade à luz ou imagens distorcidas. É comum que a catarata senil seja bilateral, mas não necessariamente de forma simultânea.
É importante lembrar que outras causas podem ser responsáveis pela perda gradual da visão além da catarata, como por exemplo, distúrbios localizados próximos à retina ou ao nervo óptico. Caso estes problemas estejam mesmo presentes, a visão perfeita pode não ser recuperada após a remoção da catarata. Daí a importância de um exame minucioso do olho realizado pelo especialista.
Só os idosos têm catarata?
Não. Embora a principal causa da doença seja de fato o envelhecimento do cristalino, há casos de crianças que já nascem com catarata (catarata congênita). Isso pode ser decorrente de problemas genéticos ou secundariamente a problemas na gravidez (rubéola, sífilis ou toxoplasmose no primeiro trimestre de gestação, por exemplo). Outras causas de catarata são: diabetes, uso sistemático e sem indicação médica de colírios, (especialmente os que contêm corticóides), inflamações intraoculares, traumas oculares e excesso de radiação.
A catarata é visível a olho nu?
Não, exceto quando em estado muito avançado.
Qual o tratamento da catarata?
O único tratamento é o cirúrgico e o objetivo é substituir o cristalino opacificado por uma lente artificial. Essa lente pode ser de vários tipos e corrigir vários problemas de visão. É possível implantar lentes especiais que possibilitam eliminar os óculos para longe e, em alguns casos, os óculos para perto.
É verdade que a cirurgia de catarata é muito simples, e que pode ser realizada em apenas dez minutos?
Realmente a modernização da técnica cirúrgica empregada no tratamento da catarata tornou o procedimento rápido, mas isso não significa que a cirurgia seja simples. O olho é sensível e frágil, exigindo tecnologia e grande conhecimento do especialista para o procedimento cirúrgico. A cirurgia não deve ser banalizada. Além do cristalino, outras estruturas oculares (córnea, retina, nervo óptico) devem ser avaliadas em um pré-operatório detalhado e completo.
Quando a catarata deve ser removida?
Com os métodos modernos, indica-se a remoção da catarata assim que ela começa a interferir nas atividades diárias da pessoa como ler, assistir TV ou dirigir, pois atualmente temos maior segurança e reabilitação visual mais rápida, com menor trauma cirúrgico. Pelos métodos antigos a catarata era removida inteira, através de uma incisão de 7 a 10 mm. Para que isso ocorresse com sucesso era preciso que o centro da catarata estivesse bem duro, e para isso era preciso esperar que ela ficasse “madura”. Felizmente, hoje isso não é mais necessário.
Como o cirurgião remove a catarata de meu olho?
Em geral, é feita uma incisão de 2,2 milímetros na córnea e instrumentos especiais são usados para extrair a catarata através desta incisão. A técnica mais comum utiliza uma ponteira com vibração ultrassônica que quebra o cristalino e aspira seus fragmentos. Após isso, implanta-se a lente intraocular que substituirá aquele cristalino. Esse método chama-se facoemulsificação com microincisão.
Porque é necessário implantar lente intraocular durante a cirurgia de catarata?
Porque ela vai substituir o cristalino que foi retirado e assim permitir que a imagem se forme na retina. Caso contrário, o paciente necessitará utilizar uma correção óptica (óculos ou lentes de contato) de alta graduação, antigamente chamado “óculos fundo de garrafa”.
Essa lente intraocular é permanente?
Sim, e diferentemente das lentes de contato, as lentes intraoculares não necessitam de manuseio pelo paciente.
Quais os tipos de lentes?
Como elas são escolhidas? As lentes mais usadas podem ser monofocais, multifocais e /ou tóricas. O tipo de lente é definido levando-se em consideração diversos fatores: alguns relacionados às atividades diárias, necessidades e personalidade do paciente e outros relacionados às condições oculares. Doenças oculares como retinopatia diabética, descolamento de retina prévio, ceratocone, glaucoma, doenças do nervo óptico limitam muito o uso das lentes multifocais.
Que tipo de anestesia é usada para a cirurgia? Preciso ficar internado?
Utiliza-se o bloqueio local ou a anestesia tópica (com colírio). O paciente permanece consciente durante toda a cirurgia e volta para casa logo após a mesma na maioria das vezes.
Como será minha volta às atividades após a cirurgia?
Progressiva, sem esforço físico intenso. Deve-se evitar piscina, mar e atividades de academia por alguns dias. Não se deve coçar e nem apertar os olhos no pós-operatório recente. Se o paciente está confortável, não há restrição para ler e assistir televisão. A primeira semana é fundamental para a cicatrização. O paciente pode apresentar fotofobia (sensação de desconforto à luz), discreto inchaço na pálpebra e leve vermelhidão. Podem surgir hematomas no local da anestesia. As recomendações médicas do pós-operatório devem ser seguidas à risca, para evitar complicações como infecções, hemorragias e inflamação.
A catarata volta?
Não.
Tenho catarata no outro olho. Quando posso operá-lo?
O intervalo deve ser definido criteriosamente pelo oftalmologista que acompanha o paciente. Em geral, opera-se um olho de cada vez. Se a visão do outro olho já está prejudicada, a cirurgia pode ser marcada nas semanas seguintes à do primeiro olho.
Caro leitor: As informações contidas neste artigo têm caráter informativo e educacional. O seu conteúdo jamais deverá ser utilizado para autodiagnóstico, autotratamento e automedicação. Em caso de dúvida, o profissional médico deverá ser consultado, pois, somente ele está habilitado para praticar o ato médico, conforme recomendação do Conselho Federal de Medicina.
Matéria por
Marília Bastos Quirino Brasil
Oftalmologia CRM/SC 10634 | RQE 4855 | Florianópolis