A mamografia se tornou a técnica mais disseminada para rastreamento e detecção de lesões não palpáveis nos últimos anos. Entretanto, o seu principal fator limitante é a alta densidade mamária que reduz a sua sensibilidade, uma vez que as áreas mais confluentes de densidade fibroglandular podem obscurecer eventuais lesões isodensas em relação ao parênquima glandular no exame mamográfico.
A implementação da mamografia digital com análise das imagens em estações de trabalho com monitores de alta resolução permite uma série de processamentos das imagens, tais como ampliação (zoom e lupa digital) e inversão do contraste (imagens negativas), levando a significativo aumento na resolução de contraste, sobretudo nas áreas de parênquima denso, com consequente aumento da acurácia diagnóstica. Além disso, a alta sensibilidade dos modernos detectores digitais permite realizar os exames com doses significativamente menores de radiação que os antigos mamógrafos não digitais.
As vantagens da imagem digital e o desenvolvimento de sofisticadas técnicas de computação serviram de plataforma para o surgimento de novas aplicações, entre as quais a obtenção de imagens tomográficas da mama, a tomossíntese ou mamografia digital 3D. Esse método tem como maior benefício a redução de sobreposição dos tecidos que compõem as mamas, reduzindo a “formação” de falsas imagens que poderiam simular lesões (diminuindo os “falsos-positivos”), além de diminuir a possibilidade de não detecção de lesões devido a essa sobreposição de densidades (diminuindo também os “falsos-negativos” ).
Os primeiros aparelhos de tomossíntese tinham a desvantagem de elevar a dose de radiação em comparação com o exame digital 2D isolado, mas posteriormente foram desenvolvidos equipamentos mais modernos que aliaram as vantagens da tomossíntese (3D) com imagens bidimensionais sintetizadas (s2D), semelhantes às imagens da mamografia digital 2D, sem aumento significativo da dose de radiação.
A mamografia digital sintetizada (s2D) é utilizada na Europa desde 2011, tendo sido aprovada nos EUA pela FDA para uso clínico em conjunto com a tomossíntese em 2013 e no Brasil pela ANVISA em 2015. Muitos trabalhos prospectivos e retrospectivos têm sido realizados na Europa, nos EUA e no Brasil, a grande maioria deles indicando aumento significativo, estimado em 30 % na taxa de detecção de câncer, principalmente de carcinomas invasivos, após a introdução da tomossíntese, sempre associada às imagens 2D sintetizadas, no rastreamento mamográfico, quando comparada à mamografia digital 2D isolada. Nesses estudos também foi evidenciada nítida redução da taxa de reconvocação das pacientes para a realização de incidências adicionais localizadas e compressões seletivas.
Como a tomossíntese aumenta a distinção das lesões, as margens dos nódulos são mais bem caracterizadas, facilitando a visibilização de discretas irregularidades e diminutas espículas, contribuindo para a diferenciação entre nódulo benigno e nódulo suspeito, o mesmo ocorrendo nas distorções arquiteturais que também são melhor caracterizadas nos cortes de tomossíntese, permitindo maiores informações sobre sua extensão.
Portanto observa-se que o avanço tecnológico dos aparelhos de mamografia permite maior comodidade para as pacientes além de aumentar a detecção de câncer de mama o que pode implicar em redução objetiva da morbimortalidade feminina.
Muitos trabalhos prospectivos e retrospectivos têm sido realizados na Europa, nos EUA e no Brasil, a grande maioria deles indicando aumento significativo, estimado em 30 % na taxa de detecção de câncer, principalmente de carcinomas invasivos, após a introdução da tomossíntese, sempre associada às imagens 2D sintetizadas, no rastreamento mamográfico, quando comparada à mamografia digital 2D isolada.
Matéria por
Anselmo Verlangieri Carmo
Diagnóstico por Imagem CRM/MT 2398 | RQE 1556 - RQE 1421 | Cuiabá