Introdução
A degeneração macular relacionada à idade (DMRI) é uma doença multifatorial, com prevalência crescente em todo o mundo e morbidade significativa. A DMRI é a principal causa de cegueira legal no mundo ocidental em pessoas com mais de 50 anos. Apenas nos Estados Unidos (EUA), 9,2% da população acima de 40 anos apresenta sinais de DMRI . Na França, a DMRI apresenta prevalência de 8,50%, atingindo até 27,9% em pessoas com mais de 75 anos. Com o envelhecimento da população, espera-se um aumento de 50% no número de indivíduos afetados pela DMRI até 2020.
Causas
A idade é o principal fator de risco para a DMRI. A doença pode ser desencadeada por uma série de fatores genéticos, metabólicos e ambientais. A exposição excessiva à radiação solar está associada ao desenvolvimento da doença. Indivíduos de pele e íris mais clara, assim como tabagistas, estão mais vulneráveis à DMRI. Fatores genéticos e hereditários, bem como uma dieta rica em gorduras e doenças cardiovasculares também estão relacionados às causas dessa patologia.
Tipos de degeneração macular relacionada à idade:
DMRI seca
A DMRI seca é a forma mais comum de degeneração macular relacionada à idade e corresponde à cerca de 90% de todos os casos. Ela é causada pelo envelhecimento e desgaste dos tecidos da mácula e normalmente afeta menos a visão do que a DMRI úmida.
DMRI úmida
A DMRI úmida ou exsudativa representa cerca de 10% dos casos de degeneração macular relacionada à idade. Apesar de 90% dos pacientes apresentarem a forma seca, a DMRI úmida é responsável por 90% da perda de visão relacionada a esta doença.Na DMRI úmida, vasos sanguíneos anormais começam a crescer sob a retina. A DMRI úmida pode progredir rapidamente e causar perda substancial da visão central.
Sintomas
Nos estágios iniciais da maculopatia relacionada à idade, os pacientes podem ser assintomáticos, entretanto, nas formas avançadas podem apresentar graves disfunções na visão central.
Os sintomas mais comuns de DMRI são embaçamento da visão central, metamorfopsia (distorção da imagem) e visão reduzida, podendo levar a um escotoma central e importante perda de visão.
Diagnóstico
O exame de fundo de olho com pupilas dilatadas (fundoscopia ou mapeamento de retina) é a abordagem inicial recomendada para o diagnóstico da DMRI e, portanto, deve ser realizado em toda avaliação oftalmológica de rotina.
A angiografia fluoresceínica e a OCT (Tomografia de Coerência Óptica) são exames complementares que auxiliam tanto no diagnóstico quanto no seguimento dos pacientes com DMRI.
A OCT é imprescindível no acompanhamento do tratamento da DMRI úmida.
Tratamento da DMRI
Atualmente, existem tratamentos capazes de barrar a progressão da DMRI e, em alguns casos, recuperar parte da visão perdida. Determinados medicamentos anti-VEGF, por exemplo, foram aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) especificamente para o tratamento da DMRI e para o uso injetável intraocular, pois oferecem segurança e eficácia aos pacientes.
Um ensaio clínico randomizado multicêntrico, projetado para avaliar o efeito de altas doses de zinco, vitaminas antioxidantes selecionadas (dentre as quais vitaminas E, C e betacaroteno administradas 5 a 15 vezes a dose diária recomendada) no desenvolvimento das formas avançadas de maculopatia relacionada à idade em pacientes idosos (55 aos 80 anos de idade), demonstrou diminuição na probabilidade de progreção para as formas avançadas da doença, após cinco anos de acompanhamento.
Prevenção
A prevenção e o tratamento da DMRI são realizados por meio de vitaminas, antioxidantes e óculos escuros ou claros com proteção UVA e UVB. Uma dieta rica em vegetais de folhas verdes e pobre em gorduras é benéfica na prevenção à DMRI. Como já mencionado, o tabagismo aumenta a incidência da Degeneração Macular, portanto deve ser evitado.
O diagnóstico precoce é essencial no tratamento e prognóstico da DMRI.
Matéria por
João Celso Garcia Cruvinel
Médico CRM/MT 9874 RQE 4737 | Primavera do Leste
Thiago Guimarães Ferreira da Costa
Oftalmologia CRM/MT 7949 | RQE 3434 |