A Importância do Cirurgião Dentista no Tratamento do Câncer
O câncer no Brasil é considerado um problema de saúde pública, está entre as causas mais frequentes de morte ao lado das doenças circulatórias e infecciosas, seu tratamento requer uma criteriosa seleção e, dependendo do caso, de uma ou mais modalidades terapêuticas (cirurgia, quimioterapia e radioterapia). Nesse contexto, é imprescindível lembrar que devido à complexidade do problema, se faz necessário a existência de uma equipe multiprofissional em saúde que possa atuar de forma efetiva, promovendo, durante a terapia oncológica, conforto e qualidade de vida para o paciente.
O ideal é que logo após a confirmação do diagnóstico, o paciente seja orientando a realizar uma consulta com um dentista capacitado para que seja feita uma avaliação das condições de saúde bucal, exames radiológicos e a elaboração de um plano de tratamento que priorize a remoção dos focos de infecção (exodontias, cáries e doenças periodontais), adequação do meio bucal (restaurações, fatores traumáticos, etc), além do controle e acompanhamento das condições de higiene oral.
Além dos efeitos colaterais sistêmicos, estima-se que cerca de 40% dos pacientes oncológicos que realizam a terapia antineoplásica irão apresentar comprometimentos na cavidade oral, assim como pacientes que serão submetidos ao transplante de medula óssea (TMO), isto, em consequência da estomatotoxicidade direta e indireta do tratamento, aumentando esse percentual nos casos de tumores localizados na região da cabeça e pescoço, o que evidencia a importância da atuação de um dentista com formação e conhecimento contextualizado com o diagnósticotratamento do câncer apresentando pela equipe e paciente.
A aplicação sistemática de um protocolo de cuidados odontológicos antes, durante e após o tratamento do câncer está associada à redução das complicações bucais, diminuindo a incidência e severidade dos efeitos dessa terapia, são eles: mucosite, infecções secundárias, xerostomia hipossalivação, trismo, disfagia, odinofagia entre outros, e cárie de radiação e osteorradionecrose que são efeitos específicos da radioterapia na região da cabeça e pescoço.
Dentre os efeitos orais da quimioterapia e radioterapia, a mucosite surge como a principal complicação não hematológica para o paciente durante o tratamento oncológico e TMO. Uma vez instalada, a mucosite limita a ingestão alimentar por via oral, em função da dor e do desconforto para mastigar e/ou deglutir causados pelas lesões ulceradas, podendo ocorrer um agravamento do estado nutricional, contribuindo para um aumento da morbidade e do tempo de internação hospitalar. Dentre outras condutas, a Laserterapia em Baixa Potência vem apresentando ótimos resultados com protocolos preventivos e terapêuticos no tratamento da mucosite.
O Cirurgião – Dentista tem papel fundamental nos cuidados em saúde bucal durante o tratamento do câncer. É importante também que o profissional tenha conhecimento do tratamento que será utilizado pela equipe médica, a fim de avaliar o risco de alterações na cavidade bucal e as condutas propostas para o atendimento odontológico.
Matéria por
GLEIDSTON POTTER
Cirurgia Odontológica CRO/ RN 2821 | Natal