Embora na maioria das vezes o câncer de próstata seja diagnosticado e tratado enquanto a doença está localizada, em alguns casos ocorre a progressão com surgimento de metástases ou o diagnóstico é feito já com a doença disseminada. Na maioria desses casos essas metástases se apresentam como lesões osteoblásticas no esqueleto, e podem ser sintomáticas ou não.
Os tratamentos para essa doença disseminada são inicialmente baseados no que se chama de “privação androgênica”, que consistem em diferentes métodos de terapia anti-hormonal, pois as células de câncer de próstata comumente precisam de hormônios androgênicos como a testosterona para se desenvolver. Nos casos em que a doença progride mesmo sob esse tratamento, dá-se o nome de câncer de próstata resistente à castração (ou a sigla CRPC, em inglês).
Recentemente surgiram diferentes modalidades novas de tratamento para os casos de CRPC, dentre as quais a terapia com radionuclídeos vem ganhando espaço. Alguns elementos radioativos, como o Tecnécio (99mTc), o Flúor (18F) ou o Gálio (68Ga), emitem formas de radiação que interagem pouco com as células do nosso organismo e são utilizados na medicina nuclear com finalidade diagnóstica, para realizar imagens (PET, SPECT). Outros elementos, contudo, emitem formas de radiação que podem afetar as células, e quando se concentram nas células cancerígenas, podem ter a propriedade de destruir esse tecido tumoral. Dentre os radionuclídeos com essas características destacam-se o Rádio (223Ra) e o Lutécio (177Lu).
Esses tratamentos específicos são indicados pelo médico oncologista ou pelo urologista, que encaminham o paciente para uma consulta com o médico nuclear especialista. Essa consulta serve para avaliar se o paciente está apto a receber o tratamento, se há alguma contraindicação e qual dos tratamentos está indicado para cada paciente, de forma individualizada. A partir de então são feitos ciclos de tratamento, em geral a cada 2 meses. Embora esses ciclos sejam comparados aos da quimioterapia, não existem os efeitos colaterais indesejados geralmente observados nessa outra modalidade de terapia. Os trabalhos científicos recentes mostram melhora tanto na qualidade de vida quanto na sobrevida dos pacientes submetidos a essa modalidade de tratamento, que vem crescendo em vários centros do mundo todo.
Matéria por
Bruno Galafassi Ghini
Medicina Nuclear CRM/GO 9326 | RQE 7429 | Goiânia