No final de 2019, vários casos misteriosos de pneumonia com suspeita de origem viral foram relatados pela primeira vez em Wuhan, China. Análises virológicas e genômicas detalhadas de amostras de swab de pacientes posteriormente reconheceram tais casos como um novo tipo de vírus corona denominado SARS-CoV-2, responsável pela condição clínica agora referida pela pandemia por “COVID-19.
Nesse panorama atual, o momento da decisão do adiamento de uma terapia cirúrgica deve ser avaliado por médicos com alto nível de conhecimento na área específica. É dever de cada departamento cirúrgico definir isso para o respectivo grupo de pacientes. Deve considerar se o adiamento de uma cirurgia levará a um resultado significativamente pior, a uma exacerbação da doença subjacente ou a uma redução inaceitável na qualidade de vida do paciente. A lista de priorização também inclui o período em que o paciente deve se apresentar para avaliação e preparação do ato cirúrgico ou se o atendimento por telemedicina é possível. Assim, a lista também pode servir de base para o tratamento ambulatorial, a fim de obter uma priorização eficiente e alinhada ao paciente. (1)
É importante sublinhar como todos os pacientes não-COVID devem ser protegidos. Caminhos separados estabelecidos devem existir para manter os pacientes suspeitos / infectados separados dos não-COVID. EPIs ou pelo menos máscaras devem ser aplicadas a todos os pacientes não COVID durante a entrada em ambiente hospitalares, a fim de minimizar o risco de infecção caso eles cruzem o caminho ou se aproximem de um paciente com COVID. Um planejamento cuidadoso e a segregação de pacientes infectados podem ajudar a minimizar a escassez de pessoal relacionada com a disseminação viral não controlada. (2)
A cirurgia é um pilar básico da assistência médica, o que resulta nos seguintes desafios para a prática clínica cotidiana, as diretrizes hospitalares pensam na seguinte forma:
Priorização de intervenções cirúrgicas (ESTRUTURA HOSPITALAR);
Estabelecimento de salas de emergência SARS-CoV-2 e não SARS-CoV-2;
Estabelecimento de uma enfermaria cirúrgica não intensiva para SARS-CoV-2;
Estabelecimento de uma área operacional cirúrgica SARS-CoV-2;
Precauções necessárias ao usar certas técnicas cirúrgicas.
Para atender a tais requisitos acima, é recomendável criar uma lista de priorização das cirurgias realizadas no respectivo departamento cirúrgico. Essa priorização deve ocorrer do ponto de vista médico e logístico e, portanto, requer uma coordenação estreita entre as equipes cirúrgicas, a fim de continuar a garantir a qualidade adequada do tratamento peri operatório. Além da capacidade da unidade de terapia intensiva para pacientes não COVID-19, o pessoal e os recursos materiais também devem ser levados em consideração no contexto do planejamento da pandemia. (1)
Atenção especial deve ser dada para seguir uma prática de rotina para pacientes COVID 19. Deve ser mantido um registro de todos os cirurgiões envolvidos nos procedimentos em pacientes potencialmente infectados. O pessoal equipado com EPIs completos deve receber o paciente na área exclusiva de COVID 19, transferi-lo para a sala de cirurgia, minimizando a contaminação ambiental e, após o término da cirurgia, realizar a transferência do paciente para uma sala de recuperação exclusiva. Todos os pacientes não entubados devem usar uma máscara cirúrgica. Os registros médicos devem ser preenchidos e devem ser consultados e atualizados adequadamente. (2)
É de ciência dos cirurgiões, que a realização de procedimentos cirúrgicos pode apresentar complicações que prolonguem o tempo de internação e que o adiamento de cirurgias também cumpre, neste momento, o objetivo de liberar leitos para os casos da Covid-19. Medida essa, necessária na presença do aumento de casos no estado, especialmente em hospitais de referência no atendimento de COVID 19.
Levando-se em conta, a preservação de leitos, procedimentos pouco invasivos como Meniscectomia e Sutura meniscal, possibilitam sua realização de cirurgia ambulatorial, 12 horas de internação.Sendo que, são quadros de dores limitantes para atividades diárias como caminhar, subir e descer escadas. Normalmente, essas lesões meniscais são resolvidas através de cirurgias artroscópicas sob regime ambulatorial.
Em nossa realidade, sabemos que 56% dos municípios catarinenses já registraram casos confirmados da doença. De acordo com os dados repassados no boletim do Governo de Santa Catarina, até a noite da sexta-feira (15), 166 municípios, dos 295 que compõem o Estado, estavam com ao menos um caso de Covid-19. Ao todo, SC contabiliza 4.562 pacientes com teste positivo.
A capital do Estado é a cidade com maior números de casos confirmados, são 466 pacientes com Covid-19, em Florianópolis. Chapecó, a maior cidade da região Oeste ocupa a segunda colocação com 446 em casos. Na sequência, das cidades com maior número de confirmações estão Blumenau com 415, Joinville com o registro de 295 casos, Criciúma com 275, Concórdia contabiliza 241, Balneário Camboriú registra 176, Itajaí soma 166, Navegantes tem 145 e Braço Norte é a décima colocada com 109 confirmações, conforme citado na Redação ND, Florianópolis 15/5/2020.
No caso de Florianópolis, existe hospital de referência a COVID 19, e hospital de referencia a não COVID 19 que podem nos ajudar nesse tipo de situação com a pandemia.
Um hospital pode estar em conformidade com as diretrizes hospitalares em âmbito estaduais e nacionais, seguindo as recomendações da sociedade; no entanto, essas diretrizes hospitalares podem ser inadequadas para um sistema hospitalar sobrecarregado. A coordenação cirúrgica precisa sintetizar dados nacionais, estaduais e locais para tomar as melhores decisões para seus pacientes localmente, enquanto são sensíveis às implicações nacionais mais amplas. (3)
Langenbecks Arch Surg. 2020 May 8 : 1–6.Surgery in times of COVID-19—recommendations for hospital and patient management
Surgery in COVID-19 patients: operational directives, World J Emerg Surg. 2020
Elective surgery in the time of COVID-19, Am J Surg. 2020 Apr 16
Matéria por
Darci Duarte Lopes Junior
Ortopedia e Traumatologia CRM/SC 14222 | RQE: 7159 | Florianópolis