Com o avanço tecnológico e desenvolvimento de novas técnicas e materiais, houve um grande avanço na medicina, propiciando o surgimento da cirurgia minimamente invasiva para o tratamento de diversas doenças. São procedimentos que tratam o paciente com menos trauma e mais conforto. A coloproctologia também apresentou grandes avanços nos últimos anos. Houve uma melhora na técnica e no resultado do tratamento de hemorroidas, fístula anal, fissura e cisto pilonidal. Surgiram procedimentos mais eficazes e efetivos que podem ser realizados com alta no mesmo dia. Causam menor trauma cirúrgico, diminuindo a dor e risco de complicações no pós-operatório; e, propiciam uma recuperação mais rápida com retorno precoce ao trabalho. Dentre eles destacam-se o THD para hemorroidas e o laser para cirurgia de fístula anal (Filac), fissura anal e cisto pilonidal.
THD (Desarterialização Hemorroidária Transanal)
O THD é um procedimento cirúrgico minimamente invasivo, indicado para tratamento das hemorroidas e do prolapso mucoso do canal anal. Com o uso de um anuscópio (aparelho que permite a visualização da parte interna do ânus) e um aparelho de Doppler (sonar que identifica o fluxo de sangue), o cirurgião é capaz de identificar as artérias da região anal, e suturá-las (amarrá-las). Essa cirurgia diminui o fluxo nos vasos sanguíneos e nas hemorroidas e as reposiciona em seu local anatômico, sem a necessidade de corte. É uma técnica que causa menos dor no pós-operatório e é ambulatorial, o paciente recebe alta no mesmo dia. Geralmente, os pacientes retornam às suas atividades normais em 3 a 5 dias. Esforço e atividades físicas devem ser evitados por cerca de 30 dias.
FILAC (Cirurgia a Laser da Fístula Anal)
A fístula anal é um trajeto anormal (“túnel”) que comunica a região interna do canal anal e a pele da região externa, ânus. Geralmente, é causada por um abcesso (acúmulo de pus que se forma sob a pele) ou por inflamações no canal anal. O tratamento da fístula anal é sempre um desafio para o cirurgião. A cirurgia tradicional exige a retirada do trajeto da fístula (fistulectomia), podendo necessitar de corte parcial dos músculos (esfíncteres) que são responsáveis pelo controle das fezes e gases produzidos no intestino. Uma das complicações mais temidas é a incontinência fecal, ou seja, a incapacidade de segurar e controlar as fezes ou gases. Atualmente, tem-se desenvolvido novas técnicas que não comprometem o esfínter anal; privilegiando- -se procedimentos que preservam a continência e a qualidade de vida do paciente. Dentre elas, a cirurgia com laser (FiLaC® - Fistula Tract Laser Closure) é considerada como uma técnica realmente eficaz, graças à possibilidade de tratamento com a preservação dos tecidos adjacentes à fistula, em especial o esfíncter interno. O procedimento é realizado através de uma fibra endoradial (de 360 graus), com um laser na ponta, que atua por efeito fototérmico, no tecido de forma homogênea, destruindo o trajeto da fístula e causando o seu fechamento. A fibra é introduzida desde a região da pele do ânus (orifício externo) por todo o trajeto da fístula até a sua origem no orifício interno do canal anal. A partir daí ela é retirada com o acionamento do laser, cauterizando, vaporizando e causando o fechamento da fístula, fazendo com que haja uma reparação tecidual sem lesão da musculatura que controla a continência fecal. Assim o trauma cirúrgico é menor, causando menos dor e desconforto na ferida pós-operatória, além de reduzir o risco de lesões do esfíncter. Vantagens do laser: precisão de corte e coagulação, preservação da continência, cicatriz e trauma cirúrgico menor, pós-operatório mais curto com rápido retorno à vida normal. É um tratamento que minimiza consideravelmente as possíveis complicações em comparação com o tratamento convencional.
Laser na Fissura Anal
As fissuras são feridas no ânus (pequena úlcera linear ou corte na borda do canal anal) que surgem em função de trauma local ou aumento da pressão (hipertonia) do esfíncter anal. Geralmente, responde bem ao tratamento clínico (pomadas tópicas, fibras e analgesia). Os casos sem melhora e as fissuras que demoram em cicatrizar podem necessitar de cirurgia. A cirurgia convencional consiste na retirada da fissura por corte (fissurectomia) e em alguns casos na secção parcial do esfíncter interno do ânus (esfincterotomia). O laser propicia um procedimento mais preciso e delicado, através da vaporização do leito da fissura, levando à ativação do colágeno adjacente com uma cicatrização melhor da ferida e menor sangramento.
Laser no Cisto Pilonidal
O cisto pilonidal é uma inflamação na pele e tecido subcutâneo que acontece acima do ânus, entre as nádegas, devido a presença de pêlos no local. O cisto pilonidal é classicamente operado através de uma incisão entre os glúteos, que retira inteiramente o cisto e a pele próxima. A ferida normalmente é grande, e demora de 45 a 60 dias para cicatrizar, necessitando curativos diários no local, durante este período. O cisto pilonidal pode ser tratado com laser de forma eficaz e com poucas repercussões pós-operatórias. A operação consiste na limpeza e curetagem do cisto e aplicação do laser no cisto e suas ramificações.
Vantagens do laser: procedimento mais delicado, coagulação imediata e precisa, melhor aspecto estético e cicatrização mais rápida, diminuindo a necessidade de curativos diários por longo período no pós-operatório.
Matéria por
Marcos Braun
Coloproctologia CRM/SC 12352 | RQE 15252 | Florianópolis