“O ano de 2019 tem sido tão pesado e trágico...”, dizem muitos por aí. De fato, calamidades coletivas estão vindo à tona e sendo debatidas diariamente pelos meios de comunicação, sob diversas ópticas. Mas seriam apenas estas as tragédias que estão acontecendo? Vamos olhar mais atentamente...
Um senhor com aspecto de morador de rua, acompanhado de seu fiel escudeiro canino, pedindo entre os carros algo que possa amenizar sua dor, por pelo menos aquele instante. Do outro lado da rua, um grupo de amigos sentados, conversando descontraidamente e, ao mesmo tempo, uma das pessoas à mesa sentindo-se só, no meio da multidão. Talvez nem devesse estar ali hoje. Seu escape é o celular. Um casamento aparentemente promissor ao pé do altar, em que a esposa sucumbe à cama desde a perda de um dos filhos, não consegue mais enxergar o seu próprio lar. Um ataque de pânico levado ao pronto-atendimento, com o seguinte diagnóstico: “Você não tem nada, mas procure um cardiologista”. Uma criança com dificuldades de aprendizagem escolar, que recebe diversas opiniões, rótulos e mesmo bullying por não se enquadrar aos padrões esperados. Um líder religioso recorrendo à ciência para continuar a exercer seu papel social.
E aí, estamos exercitando nossa empatia? Se você conseguiu enxergar um pouco da dimensão do caos humano no dia a dia, irá entender o quanto é importante recorrermos ao profissional psiquiatra.
Esta matéria não tem por finalidade descrever cientificamente como são os mecanismos químicos cerebrais envolvidos em cada patologia. Afinal, este tema é bastante extenso e varia entre cada indivíduo. A boa relação médico-paciente pode ajudar a solucionar estas dúvidas. Hoje estamos aqui para debater, mais uma vez, sobre preconceitos, medos e a conscientização de que a vida pode e deve ser mais “leve”.
Assim como diabetes e disfunções hormonais são tratados com o endocrinologista, com o uso de medicamentos apropriados (em comprimidos ou injetáveis), por que não cuidar da saúde da mente com o especialista?
Psiquiatra não é “coisa de louco”. Não é “médico de tarja preta”. Não vai “dopar”. Perante todos os estudos e avanços tecnológicos, estes estigmas não cabem mais em pleno século XXI.
Matéria por
Juliana Cristina Giacomelli
Psiquiatria CRM/SP 145.311 | RQE: 61191 | Araçatuba